quarta-feira, 26 de março de 2025

van Gogh

 van Gogh. Sempre os quadros dele tiveram a minha preferência. Depois que li as cartas a Theo, descobri o que ele próprio sintetizou numa frase: "Eu sonho com meus quadros e pinto os meus sonhos". lemos seus projetos, sua intencionalidade ao pintar. Mas, para mim como psicodramatista, o que mais me encanta, surpreende, fascina em suas cartas é como como tudo que ele vê, ele enxerga imagens pictóricas. E todas com uma uma profunda história que compõe a história do quadro, do que aquilo é a imagem. Lembra-me tanto as imagens psicodramáticas. Podem até ser esteticamente belas, mas precisam ser ricas e profundas. Como os quadros de Vincent.

quinta-feira, 13 de março de 2025

há ocasiões...

 Há ocasiões (Moreno falava em Momento) em parece que as Musas beijaram a boca de quem escreve. Um Momento desse foi quando escrevi o texto abaixo em 2021. Eu acho que me autopsicografei (parodiando Fernando Pessoa). Poética e psicodramaticamente está tudo aí:


 Há uma grande música de Monarco e Ratinho, portelenses de raiz, chamada Coração em Desalinho: "Numa estrada dessa vida te encontrei". Há outra, de Renato Teixeira, gravada por Xangai, chamada "Pequenina": "São tão claros os presságios e os encontros dessa vida quando as partes combinadas surgem numa mesma estrada". O poeta florentino, Dante, inicia o Inferno, em sua Divina Comédia, dizendo: "Em meio da estrada dessa vida". Três poetas, mesma metáfora. A vida como estrada que tem início e tem fim. Dante chama a atenção do meio da estrada, do processo de amadurecimento, que não é no início nem no fim. Em meio à vida. Monarco e Ratinho dizem que a estrada-vida é o local de encontros. Renato Teixeira, enfim, diz "quando as partes combinadas surgem numa mesma estrada", quando pessoas por combinação, por acordo, aparecem, surgem, encontram-se na vida-estrada. Esses poetas psicodramáticos (ou o Psicodrama será a visão poética aplicada à saúde relacional?) definem o nosso Encontro Moreniano; Acontece no processo da vida, quando as partes da relação combinam, acordam em estar numa mesma estrada. E aí, prosseguindo a visão poético-psicodramática, acrescentamos um outro conceito, muitas e muitas vezes de difícil compreensão. Tele. Tele é quando as partes combinam, seja em seguir juntos numa mesma estrada, ou seguirem separados, em sentidos opostos, mas na mesma estrada. Ou há relação télica quando as partes estão combinadas, em estarem juntas ou estarem separadas. A mesma estrada é a estrada da com-preensão. Ambos com-preendem e con-cordam. A relação é não-tèlica quando "as partes" não estão combinadas, quando nem estão na mesma estrada. Estrada, sentido do caminho, acordo, desacordo, compreensão. A relação não-Télica resulta no "coração em desalinho". Obrigado aos poetas de sempre e de agora.

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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...