domingo, 8 de outubro de 2017

Tele, empatia

Em Socionomia (Psicodrama, Sociodrama, Axiodrama) há um conceito central que não é fácil para ser compreendido e utilizado. Tele. Essa palavra em Moreno enunciava o conceito de empatia em mão dupla. Em Fenomenologia, empatia é uma ação de procurar apreender a visão de mundo do outro colocando-se em seu lugar, sentindo (pathos) o fenômeno de dentro (em) do outro. Em Moreno, como a base, o fundamento de seu método é o Homem é um ser relacional, ele avança no conceito de empatia original acrescentando a bilateralidade do ato. O Psicodramista e o o paciente se percebem mutuamente. Esse reconhecimento Moreniano que a relação psicoterápica é de mão dupla cobrou a criação desse neologismo, TELE. Em toda relação, terapêutica ou não, temos que considerar que os envolvidos podem ter múltiplas combinações de percepções mútuas. Eu e você podemos nos perceber, amando ou odiando ou indiferente, com o mesmo sinal, a mesma visão. Isto seria uma relação Télica. Existe mutualidade nessa relação. Mas, se, alguém ama e sente que o outro o ama, mas na percepção, no sentimento do outro existe indiferença ou ódio, seria uma relação Não-Télica. Seria uma relação em que os projetos dramáticos de ambos não coincidem. É como se fossem dois atores em um mesmo palco, em que um atua uma tragédia e o outro uma comédia. Em uma relação Télica os dois atuam no mesmo palco, ou atuando na mesma peça ou reconhecendo que apenas dividem o palco, mas não estão na mesma peça, ou estão na mesma peça como inimigos ou indiferentes. Tele representaria, a grosso modo, a honestidade e transparência das relações.  Utópico? Possível?

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