domingo, 22 de novembro de 2020

Música e filme

A antiga banda Engenheiros do Hawaii gravou uma música em que tem esses versos: "Ouça o que digo, não ouça ninguém!". Dito assim fica óbvia a contradição inerente à frase: obedecer a uma ordem de desobedecer. Mas se olharmos só a estrutura da frase, do verso, veremos como ela faz parte de todos os manuais de autoajuda, de pretensos gurus, de professores autotitulados. De todos que se consideram portadores de mensagens especiais e únicas. No filme "Advogado do Diabo, Al Pacino na personagem John Milton (o Diabo) diz " a vaidade é o meu pecado favorito". Em nossa área de atuação, a área PSI (Psiquiatria, Psicologia, Psicoterapia, Psicodrama), tanto os Engenheiros do Hawaii quanto John Milton podem ter, e têm, razão.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Sensação de segurança e segurança

Ontem e hoje, com dois clientes de Psicodrama, apareceu o binômio segurança-insegurança. E também surgiu a expressão "sensação de segurança".  Durante o trabalho psicodramático, ao dramatizar situações de segurança ou insegurança é que brotou a expressão "sensação de segurança". A reflexão do paciente foi: "é, foi a sensação de estar seguro que perdi". Sensação de segurança é algo a priori, não é racional nem racionalizável. A ideia de segurança é racional, se traduz por ações para aumentar a segurança objetiva. Mas não traz, necessariamente, a sensação de segurança. A insegurança é racionalizável: estou inseguro por.... Para ficar seguro faço .... Mas, a sensação apriorística de segurança é sensação, é subjetiva, não demonstrável. E quando isso se perde? E como se recupera?

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Pessoa e Moreno

Em um apontamento de Fernando Pessoa, por ele atribuído a Ricardo Reis, ele diz que Poesia não é um derramamento de emoção mas sim a emoção submetida à disciplina do ritmo e da métrica. Em outro poema - Isto – ele diz: “Dizem que finjo e minto tudo o que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração”. Não vejo melhor definição de Teatro Espontâneo. O protagonista sente com a imaginação e tem sua emoção sob a disciplina do ritmo e da estética. Este é o antídoto do espontaneísmo e da impulsividade histriônica. Em “Autopsicografia” diz Pessoa: O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, na dor lida sentem bem. “Não as duas que ele teve, mas só a que eles não têm.” O protagonista finge a dor que, efetivamente, tem e estas são as suas duas dores: a sentida e a dramatizada. Os participantes, quando não aquecidos, não envolvidos, sentem apenas a que eles não tem. Em Medicina, quando se fala de alergia, há o conceito de Atopia: pessoas que, diante de estímulos comuns, de intensidade pequena, reagem de forma brusca e excessiva. O olhar poético é o olhar “atópico”. O poeta reage de forma marcante e profunda diante de estímulos banais ou simples ou comuns. Diante do grave, do pesado, todos reagem, mas diante do já visto e não enxergado, só o poeta. Mário Quintana diz: “O poeta não lê poesia. O poeta lê os classificados”.                                                                          

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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...