Pensava outro dia numa expressão hinduísta para se referir à deus: Neti, Neti. Que significa "não é isso". Ou seja a definição é dada por uma negativa: o que quer que se pense não é isto. E pensei que poderíamos aplicar esse tipo de expressão para falarmos de Espontaneidade. Espontaneidade não é algo. Não é isso. Não é fazer qualquer coisa, não é fazer o que se dá na telha, não é ser impulsivo, não é desconsiderar os outros para exercer a própria vontade. Não é isso. Nem nada que se pense. Mas, então como compreender a espontaneidade? Como se ter um conceito para espontaneidade? Se não é nada disso que possamos pensar, que precisaria não existir para ocorrer a espontaneidade? Talvez sejam as inúmeras e infinitas restrições que nos impomos e nos impõem. Quanto menos delas mais estará disponível o estado espontâneo. Por isso buscar espontaneidade seja tão infrutífero. Para se ser mais espontâneo não é fazendo coisas, mas deixando de fazer, deixando de exercer esse julgamento crítico tão ferrenho, cruel e injusto. Aí o estado espontâneo pode por-se à mostra, deixando à criatividade a função de escolher a melhor resposta dentre todas, agora disponíveis.
sábado, 25 de agosto de 2018
sábado, 18 de agosto de 2018
Água, conselho, psicoterapia
"Água e conselho só se dá a quem pede". Provérbio antigo e sensato. Ao lado disso é uma forma poética de referir-se a demanda terapêutica. Toda ajuda precisa ser requerida. Explicitamente ou implicitamente. Pelo pedido expresso. E pela aceitação ativa. Costumo brincar dizendo que 70% do trabalho psi (psiquiátrico, psicológico, psicoterápico) é a própria pessoa ligar, marcar e ir ao consultório. Os 30% restantes acontecem quando entram na sala. Ou seja, a parte do psicoterapeuta, estes 30%, não têm poder nem autoridade para nada, sem os 70% do próprio paciente.
domingo, 12 de agosto de 2018
Dia do papel de Pai
Feliz
Dia do papel de pai. O papel de pai inclui o papel biológico de
doador de metade da contribuição genética da futura criança. Mas
não se esgota nisso. Nem inclui apenas o patrimônio XY. Nem
apenas a relação de consanguinidade. Ser pai é desempenhar a
função, simultaneamente, protetora e estimuladora. Criativo no
explorar novos mundos e conservador para preservar a continuidade.
Gerador de confiança e primeiro desafio a ser enfrentado. Parceiro e
mestre e aprendiz. Rigor e compreensão. Pode-se ser pai sem pai se
ser. Pode-se desempenhar o papel de pai sem ter tido ou sido pai na
expressão biológica. É possível, sim, ser pai de gente, de
animais, plantas e coisas. Feliz dia daqueles que, em qualquer
circunstância, são tudo isso. E tudo isso suportado pelo amor
incondicional.
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
aprender, fazer, viver.
O nosso sempre presente Mestre Moysés Aguiar, referindo-se a Teatro Espontâneo (TE), dizia que fazer TE era só começar a fazer TE. O aprendizado em Psicodrama, Teatro Espontâneo, Sociodrama, passa necessariamente sempre pela ação, pelo fazer. Os conceitos socionômicos só são internalizados em seu exercício, a espontaneidade/criatividade do ato de dirigir precisa do exercício da direção. Mas aprender e fazer Psicodrama ou TE ainda são diferentes do viver com a visão de mundo socionômica. Ter essa visão de mundo implica na completa internalização da Teoria de Papéis; da Sociometria das escolhas; da ideia que que algum e qualquer ato precisa de aquecimento para ser feito; de que todo agrupamento só se torna grupo quando ele foi aquecido para isso; de que quando alguma coisa (seja ponto de vista, dores, relações) se torna fixa, imutável, rígida, cristalizada, estamos diante de algo que se afasta do polo da vida; de que o ser humano é sempre e sempre um ser em relação. Aprender, fazer, viver o Psicodrama/TE.
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