Pensava aqui com os meus botões como a maturidade afetiva, a madureza relacional, anda dissociada da maturidade intelectual. É tão frequente ver-se pessoas com conhecimento técnico, informações culturais, mas com atuação imatura, infantil. É curioso, mas a nossa cultura ocidental não privilegia, não estimula o amadurecimento afetivo. Há treinamentos, adestramentos, cursos para a área intelectual. Mas parece que há uma ideia subjacente à todos que o crescimento, o envelhecimento, traga junto o lado afetivo, "naturalmente". E a parte afetiva de nossa vida mental é quem nos dá a o modo de agir adequado, é quem possibilita o adequado desenvolvimento da espontaneidade e da criatividade. Sócrates, mestre da filosofia grega, tinha um relacionamento bastante conturbado com sua esposa Xantipa. Então, se o desenvolvimento intelectual, a solidez cultural, a profundidade de pensamento, não levam à maturidade afetivo-relacional, o que o faz? Penso que o passo adiante foi dado por Moreno quando propôs o conceito de Tele: a condição relacional em que os envolvidos se reconhecem, na relação, com o mesmo sinal e intensidade de aceitação, rejeição ou indiferença. A inversão de papéis na relação propicia que conheça a relação do ponto de vista do outro. Acrescentando à visão e percepção próprias, a visão e percepção do outro:
"Então verei você com os seus olhos
E você me verá com os meus olhos".
Talvez, ainda assim talvez, a relação vincular possa atingir o estágio de maturidade em que, os os vinculados, possa mutuamente se fertilizar e crescer e gozar do encontro.
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