"Ó árvores da vida, quando atingireis o inverno?" Este verso em Elegias de Duino de Rainer Maria Rilke sempre me impactou. Ao assistir esse novo filme, "Meu Pai", em que Anthony Hopkins, aos 83 anos, faz uma personagem com Demência de Alzheimer em seu início e progressão. Eu me comovi e me movi de forma intensa. Literalmente, me incomodou. Tirou-me do cômodo. Em seu final ele usa a expressão: "Eu estou perdendo as minhas folhas!". Foi o que me jogou nos braços de Rilke. O espectador de um filme, em geral, o vê da plateia. De fora. Como espectador. Nesse filme o espectador não é espectador: ele toma o lugar da personagem em sua confusão, angústia, medo e vulnerabilidade. Mas, também toma o lugar da filha em sua dor e incompreensão do que acontece. Assim também, toma o papel da cuidadora despreparada e insegura. O espectador/já personagem, vivencia a dor do outro sendo o outro. Isto é a inversão de papéis do Psicodrama.
quarta-feira, 28 de abril de 2021
segunda-feira, 26 de abril de 2021
espontaneidade, criatividade
Trabalhando com estudantes de Psicologia, um deles me perguntou o que seria Espontaneidade. Embora conceito central, pilar e objetivo do Psicodrama, não é facilmente definível. Entretanto é facilmente reconhecida. Eu só consigo me aproximar desse conceito por meio de analogias. Espontaneidade é como o verbo inglês May que denota e conota a possibilidade, a permissão. Criatividade seria algo como o verbo inglês Can denotando ação, realização. Ambos são traduzidos em Português como Poder. Esta nossa palavra reúne, em si, os dois conceitos de permissão e capacidade de realização. Espontaneidade é a permissão prévia, a priori, o conjunto universo das possibilidades. Criatividade é o conjunto intercessão que permite escolher de todas as possíveis, as melhores para o momento, para a circunstância. Quanto maior o conjunto universo, quanto maior a espontaneidade, mais as escolhas criativas poderão acontecer. A restrição da espontaneidade reduz drasticamente o universo de escolhas, resultando no empobrecimento da criatividade. That's all.
sexta-feira, 16 de abril de 2021
"de volta para casa"
Durante uma conversa informal estava-se falando sobre home-working. e, no calor da discussão, para afirmar minha opinião, fiz um trocadilho em inglês. Disse eu "não é home-working, deveria ser house-working!". Home e house, em inglês, tem sentidos diferentes. Uma é a estrutura física, casa (house), a outra é a representação das relações afetivas, lar (home). Um espaço físico torna-se um território quando é ocupado funcionalmente, habitado. Durante a pandemia, com a existência e prevalência do chamado home-working, percebemos que o espaço até então, exclusivo das relações afetivas, familiares, o lugar para onde se volta, o repouso, o lar, foi invadido pelos papéis profissionais (ou estudantis). Gradualmente, o sentido de lar, home, foi-se diluindo. Não mais "estamos indo de volta pra casa". Casa, lar, escola, escritório, consultório, palco. Tudo se misturou. E se perdeu. Gilberto Gil diz em Back in Bahia: "como se ter ido fosse necessário para voltar". Como não vamos, não voltamos. E não repousamos em paz.
segunda-feira, 12 de abril de 2021
visão de mundo
quinta-feira, 1 de abril de 2021
100 anos (sem solidão, mas com solidariedade)
Postagem em destaque
E assim é.
Experimentar e refletir. Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo. Há mais de trinta anos...
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