sábado, 4 de fevereiro de 2023

gramática psicodramática I

Escutando um álbum de Zé Ramalho parei em uma que diz: O "sinônimo de amor é amar". À parte a poesia desse verso, ele expressa uma verdade psicodramática. Explico: é tentador no palco dramático procurar fazer dramatizações de qualquer expressão do protagonista. Mas, por exemplo, se essa palavra, amor, aparecesse e fosse solicitado ao protagonista para dramatizar o amor, seria impossível. Por que? Amor é um sentimento. Não se pode dramatizar um sentimento. Pode-se representá-lo, simbolizá-lo, denotá-lo, com uma imagem. mas dramatizá-lo, não. Explico outra vez: Drama em grego significa ação, dramatização é a ação de dramatizar. Sentimento não é ação. Só é possível dramatizar-se verbos que relacionam sujeito e objeto em forme de ação. Chorar não é possível dramatizar. Chorar a perda de um parente compõe uma cena possível. Voar não se pode dramatizar. Voar para o palácio do Rei pode ser dramatizado. Há que se transformar adjetivos e substantivos, abstratos ou concretos, em verbos de ação. Amor: imagem. amar a alguém num determinado contexto: dramatização, cena. Essa diferença apontada por Zé Ramalho é uma lição psicodramática.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...