O Pai do Psicodrama, Jacob Levy Moreno, e a Mãe (sim, Zerka Moreno foi a Mãe do Psicodrama atual) quando falavam de papeis. E Papel é a maneira pela qual pessoas envolvidas em um vínculo exibem traços culturais e pessoais, de forma ativa e complementar. E ao falarem da dinâmica dos papéis nos ensinam que ao entrarmos numa relação vincular qualquer, pessoal ou profissional, no primeiro momento, Role Taking (Tomada de Papel), há tanto temores quanto desejos. É quando apreendemos e aprendemos o be-a-ba do papel. É quando parece inalcançável, é quando se precisa persistir ainda que a voz interior diga que não dará certo. Em algum momento, a relação começa a fluir, percebemos, ainda com temor, mas já com alegria e prazer que fazemos direitinho. Esse momento chamamos Role Playing. Um parêntese: a tradução habitual é desempenho. To Play é um verbo muito mais rico do que o verbo desempenhar. To play é atuar (cenicamente), é tocar um instrumento, é jogar, é brincar. Não é, tão só e friamente, desempenhar mecânica e assepticamente. Role-Playing inclui todos aqueles sentidos que perdemos na tradução. Eventualmente, em circunstâncias cruciais, quando os manuais já não nos dão suporte, o supervisor já não tem respostas, algumas criam soluções originais, fora do script. Um salto sem paraquedas na certeza de voar. Role Creating (Criação no papel). Coração dispara, garganta seca. O estômago contrai. Um parto. Maiêutica (partejar em grego e em Sócrates) psicodramática. Como os partos, não acontecem sempre. Como os partos, alegria faz par com temor. Como os partos damos à luz uma ação original. Com prazer, alegria e um sincero "como pude fazer isso?". E voltamos a desenvolver a ação partejada. Uma cria nova. E essa história não nem deve ser vista como sucessão de fases. A vida é dinâmica, as relações são dinâmicas. A cada momento podemos passar pelos modos de funcionar. É uma dança circular e continua. E sendo assim, vitaliza as relações entre papéis, elas não se cristalizam, não se fossilizam. Desejar, aprender/apreender, fazer, desejar, aprender, fazer. E criar quando nos permitimos colocar o pé no vazio. A imagem do filhote de passarinho que nunca voou saindo do ninho. As asas foram criadas, mas quem as bate somos nós. Isso não é crença que visa sempre o resultado. Isso é Fé, confiança no método. Salto no escuro.
Esse texto é dedicado aos membros da PROFINT. Alunos? Não. Mestres.
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