segunda-feira, 27 de maio de 2024

papéis...

 Pensava como é difícil o psiquiatra ou psicoterapeuta deixar a posição de autoridade e compartilhar com o paciente/cliente o seu próprio tratamento. Também para quem trabalha com educação essa dificuldade está presente. O que o Psicodrama traz, tal como Paulo Freire, é que cada pessoa tem que ser, dentro de suas possibilidades, agente de seu tratamento ou sua educação. A relação é assimétrica, sem dúvida. Mas é complementar. A cada uma das partes há um excesso e uma falta. Ao paciente/estudante há um conhecimento de sua vida e seus conhecimentos e há uma falta de um direcionamento e um ordenamento. Ao psiquiatra/psicoterapeuta/educador há um acúmulo de conhecimento técnico, mas uma falta intensa do conhecimento do outro. Isso é que torna a relação entre esses dois papéis complementares. A assimetria decorre mais da posição. Um está e outro vem. Um paga, outro recebe. Um tem um papel de ofertar  algo, o outro tem um papel demandante algo. Um está mais organizado, mais estruturado, outro mais desorganizado, e mais desestruturado. Talvez exatamente por isso crie a assimetria. mas Moreno, destacou a inversão de papéis. Com isso é possível pensar-se que os papéis podem se intercambiar. Assim, é possível pensar-se que o estudante pode em determinado instante ser o professor e o professor ser o estudante. O Paciente pode trazer luz à uma situação, colocando-o no polo de terapeuta. Ao se cristalizarem definitivamente,médico/paciente,professor/estudante/, psicoterapeuta/cliente, dão lugar às patologias relacionais. Moreno sempre acentuou que os papéis devem ser flutuantes ao sabor de seu desempenho. É o que torna os relacionamentos mutuamente saudáveis, construtivos e férteis.

sábado, 18 de maio de 2024

Livre pensar é só pensar

 Qual a diferença entre vaidade, autoestima, orgulho, autogratificação, arrogância? pensava como essas palavras referem-se a atitudes similares ou, pelo menos, confundíveis. Quando a vaidade se distancia da autoestima? Quanto a autogratificação se aproxima da vaidade? E a arrogância? Algo que pensava: Todas são atitudes relacionais. Seja, em relação a si ou ao outro. Sempre há um outro. Na autoestima existe o eu comigo. Como me estimo, qual minha estimativa de mim. Baixa, alta, depreciativa, afirmativa. Na vaidade talvez já exista o desejo de exibir aos outros sua descoberta de seus atributos. No orgulho, além de uma grande auto estimativa , existe a satisfação excessiva. Fácil diferenciar? Não, até escrevendo acho difícil. Talvez, autoestima seja a minha e orgulho seja a do outro. E arrogância? É o exercício dos despotismo agressivo misturado com a vaidade. E, talvez, tudo termine sendo aquilo que escrevi. O que é meu, o que são atitudes minhas são positivas, têm uma conotação positiva. E, quando esses mesmos atributos estiverem no outro, eu os veja com valoração negativa. Daí porque a inversão de papéis moreniana, psicodramática, tenha seu lugar de possibilitar nova perspectiva de nossa visão de mundo conservada, cristalizada.

domingo, 12 de maio de 2024

Dia do papel de Mãe

  Hoje é Dia das Mães. Ou o Dia do Papel de Mãe. Pensando em termos psicodramáticos (socionômicos) o papel de mãe surge da relação com pessoas em que há os atributos de continência, aceitação, limite, disciplina, incondicionalidade do afeto e, sobretudo, magia de fazer da imaginação uma  ferramenta de cura e resolução de problemas. É uma relação assimétrica entre os papéis - o de filho/a e o de mãe. Acolhimento de uma lado do papel e necessidade no outro lado dessa relação. Mas nesse papel materno cabem atores mães biológicas, mulheres, homens, amantes, amigo, profissionais de qualquer área. A função de acolhimento versus necessidade é a fundante no papel de psicoterapeuta, por exemplo. Pais podem e devem ser mães. Hoje é dia do papel materno, dia da mãe que cada um pode ser na sua relação com o outro.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Raul e Psicodrama

Escutando pela enésima vez Raul Seixas, volto a ouvir Sociedade Alternativa. E lá está uma frase, escrita no sec. XX por Crowley, mas já presente em escritos Rosacruzes anteriores: "Faz o que Tu queres pois é tudo da Lei." E por que escrevo sobre isto aqui? Porque, em geral, o conceito que se tem da palavra Espontaneidade, alicerce do Psicodrama, é de que ser espontâneo é fazer o que se quer e o que se tem vontade. Não, não é definitivamente isso. Isso é espontaneísmo. O contrário do que se objetiva no Psicodrama. Voltemos à frase. Misticamente falando, há duas particularidades. Uma é "o que Tu queres". A outra é "Lei". O Querer aí refere-se não apenas a desejar, mas aquilo que realmente importa em sua vida. Aquilo que, sem o que, nada faria sentido. Não é um querer qualquer, volúvel e flutuante. E Lei, é a Lei universal da Harmonia. Não a lei da justiça comum. Voltando para o Psicodrama, a confusão é parecida. Espontaneidade não é FAZER. Fazer é ação. E Espontaneidade é um estado. Um estado de disponibilidade, o mais perto possível da absoluta disponibilidade. É estar sem impedimentos, bloqueios ou temores prévios à ação. Ser Espontâneo é Estar Espontâneo. E para que? Para abrir espaço à Ação criativa, à CRIATIVIDADE. Espontaneidade = estado de disponibilidade sem coibições. Criatividade =  a melhor escolha para aquela cena, para aquele momento. Quanto menos Espontâneo, menor repertório de escolhas adequadas. Quanto mais Espontâneo, mais possibilidades de escolha da melhor resposta. E isso, com certeza, é diferente, profundamente diferente, de fazer-se o que se lhe dá na telha.

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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...