terça-feira, 26 de novembro de 2024

De como o Psicodrama está vivo e atuante em todos os aspectos da Vida.

De como o Psicodrama está vivo e atuante em todos os aspectos da Vida.

Ontem foi a festa, online, do Prêmio FEBRAP 2024, do Congresso Brasileiro de Psicodrama. E contarei como uma história. No primeiro semestre recebo um convite da presidente do Congresso presencial, Graça Campos, para fazer parte da comissão que atribuiria o aludido prêmio. Com a amiga de sempre, Rosana Rebouças, sob a coordenação do amigo de sempre, Devanir Merengué. Ao longo de vários encontros online e mensagens, fomos nos construindo enquanto grupo. Peculiaridades, formas de pensar, maneiras de ser. Enfim, tornamo-nos um grupo com uma tarefa: Não julgar, mas ponderar sobre os trabalhos. E foram chegando. Alguns rápidos, outros demorados. Alguns tivemos bastante tempo para ler. Outros, chegados prestes ao apagar das luzes tivemos que ler sobre pressão do tempo. E fomos conversando, refletindo, ponderando, voltando a conversar, tornando a ponderar (No sentido exato de atribuir peso). E fomos chegando, após longos e vivenciados meses, a um resultado. E apareceu um consenso. Uma luz parecia advir dos ensaios. Uma mesma luz. a luz dos Morenos. A presença corpórea, em carne e sangue, dos autores em seus trabalhos. Uma profundidade abissal de reflexões. Um estender conceitual e denso dos conceitos Morenianos. "Sem os quais a vida (Psicodramática) é nada, sem os quais se quer morrer' (Jobim e Vinícius, com licença poética). Encantamo-nos. A luz Moreniana emitida por eles nos alcançou com a força da verdade humana. E a luz continua. Decide-se que, em vez de premio pecuniário, publicaríamos um livro. Um e-book. Com os cinco autores que representavam e contemplavam todas as facetas psicodramáticas. Todas, mesmo. Tivemos um encontro presencial em que a magia psicodramática revelou-se mais uma vez. O agrupamento de autores transformou-se em um grupo. UM GRUPO. Aquilo que seria um trabalho burocrático transformou-se num ato psicodramático prolongado. O grupo se estendeu além congresso. E veio a noite de ontem. Muitas e muitas pessoas prestigiaram. A direção de Devanir foi minimamente intervencionista. Ele pediu que os autores "vendessem" seus trabalhos. E novamente a magia surge. Os autores são atores de seus papéis. Vimos a construção de cada ensaio em falas de dez minutos. O parto. A dor e a delícia (obrigado, Caetano) de cada partejar. A grande, a enorme, contribuição dos Morenos: O corpo, a mente, o espírito, o amor como ato. "O sinônimo de Amor é amar" (C.Augusto,C.Noam,Paulo Sérgio Valle). Amar é ação de amar. Essa lição do Psicodrama. Autores, Comissão, membros diretoria da FEBRAP, participantes. Todos banhados na magia Psicodramática que transforma atos burocráticos em atos psicodramáticos. A teoria Socionômica vive enquanto pensarmos, sentirmos e agirmos como psicodramatistas. No exercício profissional, nas relações pessoais. Na vida enfim. Aos criadores do livro resta a certeza de que responderam ao tema do Congresso: "Que mundo queremos? Eu, Você, Nós"

sábado, 23 de novembro de 2024

Voltando a Zerka e Moreno

 Venho pensando há algum tempo na palavra vivência. Talvez minhas reflexões desgostem algumas pessoas, mas penso valer a pena pensarmos. O grande Millôr Fernandes já dizia: livre pensar é só pensar. Segundo a Marcia Karp, uma das últimas discípulas diretas de Moreno e Zerka, ele dizia sempre "Throw away the script". "Jogue fora o roteiro". Pela própria essência do Psicodrama e de todas as ferramentas Socionômicas, essa essência é contrária a planejar, ter roteiro, pressupor, criar uma meta a ser alcançada, ter um final desejado e programado. É tudo que difere das chamas vivências. Elas têm título, já indicando o caminho a ser seguido e o fim a ser alcançado, têm roteiro já definido, têm aquecimento planejado. Chegam ao fim desejado, mas diferem de um Psicodrama aberto (e de todas as atividades socionômicas), em que o aquecimento decorre do mapeamento do agrupamento, em que o tema protagônico vai se desenvolvendo e sendo criado pelo grupo, em que o emergente grupal se destaca na peneira espontânea, em que o protagonista o é por, naquele instante, naquele momento, naquele já então grupo, sua história ter pedaços e partes da história de todos naquele Momento Moreniano. O Psicodrama aberto (e tudo o mais em Socionomia), é arriscado, vive ao sabor do aquecimento, do grupo e do Condutor. Ele chegará sempre ao que naquele pedaço de tempo foi ´possível chegar naquele grupo, naquele recorte de tempo, naquele flash de vida. "Throw Away the Script".

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

TE e Psicodrama

  Regra geral, ao falarmos de Teatro Espontâneo (TE) o que sinto que as pessoas escutam é algo como lúdico, interessante, mas, Pra Quê? Se observarmos os textos psicodramáticos mais iniciais, o TE é colocado como um dos tipos de intervenção sociátricas, ao lado do Psicodrama, Axiodrama e Sociodrama. O mestre Moysés Aguiar tinha outro ponto de vista, do qual comungo. Dizia ele que o TE seria o grande guarda-chuva da socionomia, e sob ele estariam os outros tipos de intervenção. assim, o TE aplicado à história pessoal seria o Psicodrama. O TE aplicado a grupos de papéis sociais seria o Sociodrama e o TE aplicado a temas éticos teríamos o Axiodrama. E que vantagens poderíamos ter ao assim pensarmos?. O TE insiste sempre em alguns pontos. Aquecimento contínuo, estética e ritmo. E, na prática, observando e participando de inúmeros atos socionômicos, percebemos que esses três focos, em geral, não são observados e nas direções não se vê essa preocupação. Por que o aquecimento contínuo? Porque aquecer um grupo ou um protagonista ou um ego auxiliar não é uma etapa que, uma vez acontecida, já está garantida. Durante todo o desenrolar do Ato manter o grupo ou protagonista ou ego auxiliar aquecidos, ou seja, centrados na cena, impede que a psicodramatização seja transformada em mera encenação, sem verdade dramática. Quanto ao ritmo, vemos que muitas e muitas vezes o Diretor dirige a cena sem observar o impacto da cena no grupo, sem perceber que a cena está lenta, enrolada, chata, e o grupo já se desaqueceu, se desligou do palco. E estética? Há sempre várias formas de se fazer algo, mas há formas mais bem acabadas, mais redondas, mas cuidadas. E essas formas têm mais impacto que as formas mal ajustadas, mal acabadas. Nenhum Diretor de Psicodrama precisa, necessariamente, fazer o Teatro espontâneo. Mas, todos se beneficiariam da visão de Moysés Aguiar. Minha anual e eterna homenagem ao Mestre em seu nono ano em que saiu do palco, neste dia.


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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...