sábado, 22 de fevereiro de 2025

Compromisso

 Imaginem (criem imagens) o que se passa agora comigo. Sinto a necessidade, quase obrigação, de fazer uma postagem. Percebo ter vários dias sem fazê-lo. E nada me vem como assunto. Poderia. realmente poderia, nada escrever hoje ou agora. Isso faria se fosse apenas a necessidade de postar. Mas, há a tal da quase obrigação. Troquemos a palavra. em lugar de obrigação, compromisso. Tenho o compromisso, comigo, de postar semanalmente. Por que a troca de palavras? Para mim, obrigação é cumprir uma demanda do outro, ser obrigado a cumprir. E compromisso, como todas as belas palavras iniciando por com ou co, significa que a demanda é assumida por mim, somos as duas partes de uma relação, de um vínculo, de um con-trato. Compromisso  é prometer junto, garantir junto. Então, há o tal do compromisso de escrever. Aí, começo a escrever sobre esse "nada que é tudo" (F. Pessoa). E começa se formar algo. E já tenho assunto. Tá. E daí? Dirigir um ato psicodramático é exata e totalmente isso. Um compromisso entre o Diretor/Condutor e o grupo/protagonista. Não é obrigação. Assim, faltando ao Diretor/Condutor ideias, assunto, comece. Em duvida, iniciemos a ação, e assim ela nos moverá a outro lugar, já contará com o grupo/protagonista (compromissados) para criarem juntos. permanecer imóvel, hesitante, esperando a ideia luminosa que insiste em fugir-nos quando dela precisamos, desaquece o grupo, tira do grupo a sua coparticipação, sua possibilidade de cocriação. Diretor/Condutor e Grupo/Protagonista são dois lados em papeis diferenciados de um mesmo compromisso criativo.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Figura, silhueta, fotos.

 Estando com uma paciente, ela sempre se descrevia como "deixa a vida me levar" e "nunca escolhi nada". Junto com ela fomos levantando as situações em que "não havia escolhido" e "deixado a vida levar". E pedi a ela que olhasse não o que ficou, mas o que foi deixado para lá, rejeitado, deixado de fora, excluído. Ela parou, levou algum tempo refletindo, percebendo que ela, sim, havia feito escolhas. E que essas escolhas, feitas por ela, tinham construído sua vida. Não havia sido "Deixo a vida me levar". perguntei-lhe como se sentia. Respondeu: "Aliviada. Estranho, não é? Sinto que agora também posso escolher com consciência.". Fazendo uma imagem mental, se imaginarmos o que escolhemos como figura e o retiramos da imagem, ficará a silhueta no fundo. Que revela tanto ou mais do que a própria figura. Fazendo um mapa de todas as silhuetas vemos nossas escolhas, nossa vida, em negativo, como numa fotografia a ser revelada.


Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...