Penso há tempos na impossibilidade do amar a todas as pessoas. Esta quase exigência nos faz sentir ou culpados ou não-seres humanos. Amar é uma relação bilateral. Em termos psicodramáticos, uma relação Télica: Em que eu e o outro nos reconhecemos e interagimos dentro do mesmo vínculo, em relação complementar e com o mesmo tipo de afeto e intensidade. Isto seria amar em sentido relacional. Usamos a mesma palavra para também nos referirmos ao cuidado a todos os seres da Natureza e à própria Natureza. Essa relação não necessita ser bilateral, complementar. Pode ser unilateral. E talvez seja melhor chamá-la não de amor, por ser este um afeto necessariamente espontâneo. O respeito, prefiro esta palavra, não precisa ser espontâneo, podendo ser ensinado, aprendido e cobrado. O respeito é o reconhecimento do outro, da existência do outro. Respeitar é reconhecer e aceitar a existência do outro, sob qualquer forma. É o respeito que pode conduzir à harmonia ou à discordância, ambas construtivas para o processo humano. Se nulificamos, reificamos o outro, o tornamos coisas, tudo se admite e nada é proibido. No julgamento em Nuremberg ficou visível essa nulificação como forma de proteger-se da culpa. Hannah Arendt chamou a isto de banalização do mal. Respeitar é reconhecer a humanidade intrínseca de todos. E o Psicodrama por ter a sua base, seu alicerce, na ideia de que somos seres relacionais, seres em relação, constrói a possibilidade do respeito com suas inversões papel e consequentes multiplicações das visões de mundo.
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Meu sentimento de fã só não é maior do que o orgulho de ser filho. Sua mente é brilhante e você não tem par, nao assemelha-se a nada visto ao longo dos tempos dessa minha caminhada...sua forma de traduzir em simples o que intriga pela complexidade é invejável. O maior sinônimo de genialidade é ser simples, sem deixar de ser complexo.
ResponderExcluirReconhecer a existência dos outros e, por isso, respeitá-los e valorizá-los é sem dúvida o maior ensinamento que recebi de você. Um privilégio que além de reconhecer, sou grato.
Te amo, mestre.