terça-feira, 9 de maio de 2017

Nem tanto nem tão pouco

Ao longo da vida desempenhamos múltiplos papéis. Papeis que surgem na relação com outras pessoas, nos vínculos que se estabelecem. E cada um desses papéis tem seu tempo e trajeto de maturação. No momento em que estamos entrando em contato com este novo papel nada sabemos dele, somos inexperientes nele. Tudo parece algo difícil de ser alcançado. Quando vemos alguém exercendo esse papel com maestria sentimos ou tememos não conseguir atingir aquele desempenho. Este período ou momento chamamos em Socionomia/Psicodrama de Tomada do Papel (Role-Taking). Com o tempo percebemos que aprendemos a exercer bem o papel, sabemos fazer o necessário. temos confiança no que fazemos ou agimos. mas seguimos estritamente o modelo ensinado. Fazemos bem feito o que aprendemos. O que tememos neste período talvez seja aquilo que nos surpreenda, que não esteja no roteiro ensinado. temos segurança enquanto tudo se comporta como o apreendido. Esse é o que chamamos o período do Desempenho do Papel (Em inglês é melhor: Role-Playing). E talvez nos chegue o momento em que transcendemos o ensinado, nos autorizamos a inovar, a criar, a agir conforme a necessidade. Em que não mais seguimos o modelo ensinado e apreendido, mas inventamos, criamos o nosso jeito de desempenhá-lo. A Criação no Papel (Role-Creating).  A visão de Moreno da Teoria dos Papéis remete para uma vida dinâmica, em que estamos continuamente tomando, exercendo e criando em papeis novos. Cada nova situação de vida, cada novo vínculo, cada novo interesse faz com que esta ciranda de papeis esteja rodando, girando. a grande patologia para Moreno era a cristalização no papel. o congelamento, a imobilidade na atuação de papéis. O fluxo contínuo e constante e circular de Role-Taking, Role-Paying, Role-Creating dos papéis permite a Espontaneidade neste desempenho. Aceitar que nos desejáveis múltiplos papéis que desempenhamos não estaremos nos mesmos estratos no mesmo momento de vida. Como profissionais podemos estar mais desenvolvidos no papel, mas nas relações amorosas não. Exigir de si e do outro que o desempenho em todos os papéis sejam iguais; esperar que o mau desempenho em um papel necessariamente leve ao mau desempenho em outros papeis. Isto é a patologia dos papéis em Moreno. E isto abre o caminho para a esperança. Ninguém é tão bom ou tão ruim em tudo. Sempre há possibilidade de encontramos a flexibilidade que permita esta compreensão e aceitação. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...