quarta-feira, 12 de julho de 2017

Reinventando a roda

Já escutei muito essa expressão: "Não vamos reinventar a roda". Se já existe uma saída conhecida por que procurar outra solução? A roda está aí. Esse contínuo e imutável uso de conceitos, desempenhos, instrumentos, obras de arte; essas tantas rodas já inventadas e, portanto, inquestionáveis; a isso tudo Moreno chamou de Conservas Culturais. " A Mona Lisa é o maior quadro do mundo". Pronto. "Viver é sofrer". Pronto. "Quem não trabalha é vagabundo". "Se não parar vou falar com seu pai". Pronto. "Homem não chora". Pronto. "Guimarães Rosa é o maior escritor brasileiro". Pronto. "Isto é coisa de homem, isto é coisa de mulher". Pronto. Uma conserva culinária é conserva porque o conteúdo é conservado, não se alterará. Muito útil e necessário. A conserva cria e mantém a cultura. Mas também traz a imobilidade e inflexibilidade. "O que houve é o mesmo que há de ser". Para a tal inflexibilidade, rigidez, é que o Psicodrama estimula a espontaneidade e criatividade para reinventar a roda. O inalterável pode ser mudado. A conserva precisa existir para haver a rotina de vida, mas em relação ao desempenho de papéis abre o Psicodrama o lampejo do Role-Creating, criação no papel. Podemos criar a nossa forma de atuar o papel, quaisquer que sejam eles. O olhar pode ser descristalizado, desconservado, permitindo uma nova forma de ver. Reinventar a roda. Sem deixar de ser roda, ela também pode ser mesa.

Um comentário:

  1. Rodas precisam sempre ser reinventadas. Afinal, conservas também apodrecem. Ótimo texto, Tom!

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