quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
Temos nosso próprio tempo
Cada tempo tem o seu próprio olhar. E em cada tempo o olhar é o olhar do presente. Quando olhamos para trás ou para frente, para o passado ou para o futuro, levamos conosco o nosso olhar do presente. Olhar o nosso passado conservando o olhar do presente é como começar a ler uma história de suspense já conhecendo o final. Todas as ações parecem ou irrelevantes ou idiotas ou absurdas ou mágicas. O mesmo acontece ao olharmos para o futuro com olhos de presente. Levaremos a nossa visão impedindo ou dificultando a imaginação de criar algo novo. Por isto, ao dramatizarmos, aquecemos o protagonista e os egos auxiliares a usarem sempre e sempre o tempo presente, para enraizá-los no aqui e agora. Vivendo o presente daquele tempo criado e recriado no palco, em cena. Tudo está acontecendo, não apenas aconteceu ou acontecerá. Tudo no palco é presente, o tempo presente da cena.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Sair de; ir para
Eu gosto de palavras. Gosto de pensar sobre palavras. Gosto de de escutar palavras. Gostar de enxergar pessoas. Gosto de enxergar ações. Portanto, minha curiosidade não tem fim. Outro dia dia conversando com um paciente fiz uma observação que me levou a pensar depois. Ele falava, numa situação difícil, de sair de Salvador. Então na cena lhe perguntei: Sair de Salvador ou ir para algum lugar? Para mim, são dois planos, dois projetos, duas intenções de futuro, diferentes. Sair de algo é apenas e tão somente livrar-se de uma situação ou de um lugar. Nesse projeto de futuro, criando o desdobramento cênico dessa frase, pode-se ir a qualquer lugar, seria como correr olhando para trás. Apenas saindo. Ir para algum lugar, ir para uma nova situação, colocando em palco esse futuro torna-se possível fundamentar, estruturar a mudança. Sair de, é livrar-se de. Ir para é construir um novo futuro.
sábado, 12 de janeiro de 2019
Timidez, fobia social, arrogância, solilóquio
Outro dia vi uma frase atribuída a Homer Simpson: "A pressuposição é a mãe de todas as merdas". Além de engraçada, ela é verdadeira. Vejamos (proponho que você realmente veja!). Uma sala com muitas pessoas, alguém chegando atrasado, passando por todas as pessoas sem cumprimentar ninguém, sentando-se na primeira fila, olhando firmemente para a frente. Solilóquio de alguns presentes: "que cara arrogante"; "aargh! detesto essa pessoa, toda orgulhosa, não fala com ninguém!". "Esse aluno vai dar problema, não interage com os outros". Solilóquio de nossa pessoa alvo: "meu deus, quando esse inferno acaba, morro de medo do que eles estão pensando, fico paralisado, queria correr, queria ter o relaxamento deles". De um lado a pressuposição de arrogância, do outro lado a timidez, a fobia social. No Psicodrama, temos o recurso de solicitar o solilóquio de cada personagem que está em cena. Solilóquio é a expressão imediata do pensamento e sentimento, sem crítica ou reflexão. É simplesmente, ou não tão simplesmente, aumentar o volume do que se está pensando ou sentindo para que todos possam escutar o que se passa no interior do personagem. Isto evita a pressuposição, o julgamento, Moreno dizia que "nossa cabeça não é transparente". Ou seja, a única forma de saber é perguntando. No caso do Solilóquio é solicitar a expressão em voz alta do processo interior em tempo real, não como reflexão. Psicodrama tem coisas do arco da velha! (Ô frase antiga!)
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