domingo, 31 de março de 2019

como iniciar no Psicodrama?

O Psicodrama, o método Socionômico, traz conceitos, termos e visões de mundo muitas vezes radicalmente diferentes das outras abordagens. Iniciar-se no Psicodrama pelo aspecto teórico apenas frequentemente redunda em desilusão ou desistência. Na palavra escrita parece ou mágica ou teatrinho ou superficial. Por isto, experienciar diretamente o Psicodrama por meio de vivências grupais prepara o terreno para a apreensão e compreensão da visão teórica trazida por Moreno. As vivências grupais são atos psicodramáticos únicos, não processuais, utilizando a sequência habitual do método, aquecimento, dramatização, compartilhamento e processamento, sendo o processamento a compreensão teórica daquilo que foi vivenciado. Sempre o experimentar do método conduz ao interesse pelo método. Aí sim, o aprofundamento teórico torna-se possível e o interesse permanente.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Drácula

Estava relendo pela enésima vez o Drácula, de Bram Stoker. Um livro fascinante pelo qual sou fascinado. E parei numa cena fundamental da história. Drácula já havia marcado Mirna para sua refeição noturna. Mas há um empecilho: um vampiro só pode entrar em uma casa se for convidado. Então, ele se dedica a seduzir Mirna para que à noite lhe abra a janela ao ser chamada. Essa história é contada assim pelo narrador. Mas, Mirna não sabe dessa história, os familiares e noivo dela só veem seu enfraquecimento gradativo. Para Mirna, sua anemia aguda é uma surpresa. Assim como para os outros. Quantas e quantas vezes ao escutarmos histórias vemos uma narrativa contada e recontada, sob um mesmo ângulo, sob um mesmo olhar, sob uma mesma perspectiva. Forçando um pouco a barra, imaginemos Mirna num Psicodrama. Sua queixa é estar enfraquecendo sem saber porque. Seu psicoterapeuta psicodramatista, seu Direto/Condutor, lhe pede para refazer seus passos desde o anoitecer ao tempo em que vai manifestando alto seu pensamento e seu sentimento. e pensamentos (solilóquio) Ela vai realizando sua toalete noturna e em um momento vai até a janela e abre o trinco. Interrompida nesse momento e solicitado seu solilóquio ela poderia ter dito: "estou pensando naquele cara que conheci, tão interessante. Será que ele me visitaria mesmo, como me disse?". Eis porque uma dramatização é capaz de realçar, tridimensionalmente, atos, maneirismos, tons de voz e outras manifestações do subtexto da expressão corporal, que não apareceriam na narrativa verbal. A narrativa cênica inclui e ultrapassa a narrativa verbal. 
PS. A cena em Drácula, é linda.

terça-feira, 5 de março de 2019

zona de conforto e olho do furacão

Há expressões que se consagram e são usadas repetidamente sem que se pense muito se elas são ou não razoáveis. Uma delas é "zona de conforto". Geralmente é dita assim: "ele está na zona de conforto dele e não quer se arriscar". Vejamos o uso da expressão "olho do furacão" como sinônimo de estar-se em situação difícil. Pensemos: o que se chama de "olho do furacão" é a zona central de um furação onde momentaneamente nada acontece, há um céu azul, pleno, calmaria e águas tranquilas, antecedendo a virada brusca do tempo. Portanto "olho do furacão" não é apenas uma situação difícil, é uma situação que se apresenta tranquila momentos antes do desastre. E "zona do conforto"? Será que quem usa essa expressão sente-se, realmente, confortável? ou será que quem usa sente-se, de verdade, no "olho do furacão"? Ou seja, quem diz estar numa "zona de conforto" claramente percebe que está no "olho do furacão". Sabe que a merda virá, mas insiste em olhar para o céu azul e o tempo, atualmente, bom? Uma das possibilidades psicodramáticas de criar cenas de futuro é dar ao protagonista de ver o que insiste em não ver. Por temor de mudar cria uma expressão aparentemente reconfortante. "Zona de conforto"? Pois sim!

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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...