quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Canhoto e psiquiatra

Há um poema de Drummond - Poema das sete faces - que diz:
"Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra
disse; vai, Carlos! Ser gauche na vida."

Por coincidência ou não, estava lendo esse poema ontem. E ontem foi o Dia do Psiquiatra. E ontem, também, descobri depois, foi o dia Internacional dos Canhotos. Coincidência? Pode ser. Mas ilumina a relação das pessoas com os psiquiatras e com os canhotos. Gauche, sinistro, zurdo, canhoto. Sempre se temeu os canhotos. Tanto que dextra em latim é a mão direita e quem tem habilidade em algo é destro. E sinistro é o canhoto em latim e também algo atemorizante, ameaçador. Gauche é canhoto, mas também incapaz, sem aptidão. A destreza é da mão direita. O sinistro é da mão esquerda. E o que tem isso de milenar preconceito contra os canhotos com a Psiquiatria? Tanto quanto o canhoto, o psiquiatra é temido, é tido como um exercício sinistro, e, em geral, o psiquiatra é tido como inábil ou incapaz de um olhar mais abrangente ou refinado. Para a Medicina em geral, para o público em geral, o psiquiatra é o canhoto, o inábil, o sinistro. Por isso faz sentido comemorarmos no mesmo dia os canhotos e os psiquiatras

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...