quarta-feira, 25 de agosto de 2021

outras vezes

 Em uma passagem de Moreno ele diz: "Não deixe que a próxima vez saiba demais sobre a s vezes anteriores". Isto referia-se à direção psicodramática, mas que podemos extrapolar para a vida comum. Aliás, era desejo original de Moreno que o Psicodrama fosse ferramenta para viver, não apenas tratar. Qual o objetivo de Moreno ao falar isso? Era de lembrar ao Diretor de Psicodrama que vezes boas anteriores e vezes ruins anteriores criam expectativas sobre a vez atual, tirando o frescor da espontaneidade do Momento. E isto vale para a vida. Quando lidamos com o presente, com o atual, frequentemente, quase sempre, vemos este presente pela ótica das experiências anteriores. E o momento atual, o presente, sempre exige uma resposta atrelada a ele e não ao passado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

O computador e o psicodrama

Há muito tempo li uma entrevista de um CEO de uma empresa grande da área de informática. E o entrevistador perguntou do futuro do computador. O CEO respondeu: desaparecerá. Essa resposta deu um susto no entrevistador. O argumento do CEO (há mais de 25 anos!) era que a entidade física do computador desapareceria e ele estaria embutido no dia a dia das pessoas. Previsão que se confirmou totalmente. Moreno tinha uma expectativa e um sonho que algo similar acontecesse ao Psicodrama. Que deixasse de ser uma ferramenta terapêutica, apenas, para se transformar em algo de uso cotidiano nas relações inter-pessoais, inter-grupais e inter-nacionais. Para o psicodramatista esse é e sempre será o desafio: incorporar os conceitos psicodramáticos a seu viver cotidiano. transcender o setting terapêutico, tornar o mundo o seu palco.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O que resta é o mais importante

atendi essa semana uma pessoa que tem o diagnóstico há cerca de 20 anos de esquizofrenia paranoide. Ainda bastante sintomático, com atividade delirante e alucinatória intensa. Sua relação com a psiquiatria, os psiquiatras, os remédios, têm sido bastante tumultuadas. Todo o tempo altera as medicações, as posologias, para de tomar os remédios. E, tudo isto, ele lança sobre sua mãe. Nunca conversa ou discute com seus profissionais sobre os remédios. Ele e sua mãe. E diz, ainda, "não suporto vê-la sofrer". Ela, está desesperada, cansada, irritada. Esse foi nosso segundo contato após internação por quatro meses. Internou-se porque, suspendendo abruptamente os remédios, voltou a vivenciar crise psicótica severa. Em começo da conversa, diz ele "vc me pediu para entrar em contato, mas não suportei esperar". Volto a lhe dizer: "sua mãe pode lhe dar afeto e colo, mas divida comigo suas dificuldades." Às vezes, tudo o que o psiquiatra pode fazer é construir e manter o vínculo.

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E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...