sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O que resta é o mais importante

atendi essa semana uma pessoa que tem o diagnóstico há cerca de 20 anos de esquizofrenia paranoide. Ainda bastante sintomático, com atividade delirante e alucinatória intensa. Sua relação com a psiquiatria, os psiquiatras, os remédios, têm sido bastante tumultuadas. Todo o tempo altera as medicações, as posologias, para de tomar os remédios. E, tudo isto, ele lança sobre sua mãe. Nunca conversa ou discute com seus profissionais sobre os remédios. Ele e sua mãe. E diz, ainda, "não suporto vê-la sofrer". Ela, está desesperada, cansada, irritada. Esse foi nosso segundo contato após internação por quatro meses. Internou-se porque, suspendendo abruptamente os remédios, voltou a vivenciar crise psicótica severa. Em começo da conversa, diz ele "vc me pediu para entrar em contato, mas não suportei esperar". Volto a lhe dizer: "sua mãe pode lhe dar afeto e colo, mas divida comigo suas dificuldades." Às vezes, tudo o que o psiquiatra pode fazer é construir e manter o vínculo.

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...