Voltando à questão do tempo em Psicodrama. O tempo cronológico, o Chronos grego, o tempo marcado pelo relógio, é o intervalo entre dois acontecimentos, O tempo vivencial, o Kairos grego, o Momento Moreniano, é o estado de vivenciamento pleno de uma situação. Por isso, há frequentemente, uma distorção, entre a suposição de tempo decorrido em um Momento Moreniano e o que o relógio marca. "Puxa, só foram 40 minutos, pareceu muito mais, foi tão bom!". Ou o seu inverso "Só tem quinze minutos dessa aula? Parece um século!". As relações humanas não podem ser formatadas numa única exigência: precisa-se de tempo (cronológico) para isso acontecer. Para se conhecer bem algo, para se alcançar um ápice terapêutico, para se vivenciar uma relação profunda a duração não é o critério fundamental. Uma psicoterapia não será, necessariamente, melhor porque já dura há 20 anos. E o que acontece em menos tempo cronológico, não será necessariamente pior ou mais superficial. Esse é o cerne do problema. O tempo cronológico pode ou não ser profundo. O tempo Kairós, o Momento Moreniano, será sempre profundo e significativo. nas psicoterapias vivenciamos o tempo cronológico, já que há um horário a ser cumprido. mas, também, experimentamos, por vezes, Momentos em que atingimos o alvo afetivo e cognitivo. Em que o significado e valor daqueles poucos instantes cronológicos têm tanta repercussão vital. E nas relações afetivas o mesmo ocorre.
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
palavras, conceitos
"Eu já sei o que eu penso sobre esta palavra. Mas quero saber sobre o que vc pensa". "E voce, se quiser, e estiver interessada, saberá sobre o que eu penso". Isto aconteceu em uma sessão psicoterápica. A pessoa usava palavras e, em um momento, lhe fiz essa observação. Pedi que fosse demonstrando, dramatizando, cada uma das palavras que usava e, depois, eu fazia o mesmo com o meu conceito sobre aquela palavra. Esse momento foi muito importante para o avanço da psicoterapia. permitiu-nos, a mim e a ela, compreender dramaticamente, no palco, enxergando e escutando, que as palavras podem ser usadas igualmente. Mas, nunca sabemos, antecipadamente, o que aquela palavra representa como conceito. PS. depois, no seguir da psicoterapia psicodramática, ela , brincava, dizendo: "você é chato. Quer aprofundar tudo!"
sexta-feira, 7 de outubro de 2022
Agradar e desagradar
Com um paciente em psicoterapia, conversando sobre uma possível celebração de seu aniversário, construímos um jogo de palavras. Eu pedi que que considerasse se uma comemoração seria algo de seu desagrado ou não seria de seu agrado. Proponho, agora, com quem me lê, que construamos, em nossa paisagem mental, uma cena que seja de meu inteiro desagrado, que mexe desagradavelmente comigo. E depois coloquemos a seu lado, na tela mental, uma outra cena que não seja de meu agrado, embora perceba seu valor. Perceba se há diferença subjetiva. Se o seu sentir tem nuances, se seu corpo reage diferente. Pense que nossas escolhas não são apenas pelo que queremos ou desejamos, talvez sejam pelo que não nos violenta, não nos destrói. Pode não nos agradar, mas não nos desagrada nem nos degrada, mas agrega.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
Expectar e esperar
Esperar, ter esperança, expectar, ter expectativa. Embora palavras de etimologia próxima, talvez possamos brincar um pouco com elas. Iniciemos por expectar. Parece-me que expectar é a espera de forma ansiosa. Expectar é formular uma imagem e aguardar que ela se concretize. Esperar, ter esperança, é abrir-se para o novo, deixar-se surpreender pelo inesperado. A expectativa pode ser frustrante. O futuro ao chegar pode não corresponder à imagem criada, à expectativa criada. Ter esperança, esperar, apenas esperar, sem imagens antecipadas, é como a criança que absorve o mundo como ele se apresenta. O adulto, expecta. A criança espera. A angústia do adulto está na expectativa da chegada do imaginado. A alegria da criança está em receber, é alegria do que simplesmente virá. Com essa visão poética podemos pensar o Psicodrama/Teatro Espontâneo com o olhar da espera pueril, de aguardar o que virá sem preconcepções. Tomar o que vem não pelo que não foi, mas pelo que é. E isso, não tão poeticamente, é a atitude fenomenológica: Não expectar e frustrar-se, mas esperar e ver.
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