Em Psicodrama, em todas as ferramentas Sociátricas, existe um vai e vem contínuo: O que está subjetivado no individuo é tornado objetivo ao grupo pela dramatização e esta dramatização é subjetivada de volta pelo grupo, tendo cada membro sua consonância e ressonância. Este contínuo ir e vir possibilita que os aspectos mais individuais tenham tanta relevância quantos os aspectos grupais e sociais. Subjetivo e objetivo. Concreto e abstrato. Ação e sentimento. Indivíduo e grupo.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
a tartaruga e a lebre
Uma das maneiras de nos livrarmos de algo desagradável ou não agradável é fazê-lo de forma acelerada. Tartaruga e lebre. Quando peço a um paciente para trocar de lugar, inverter o papel, e ele o faz de forma rápida, peço que repita em câmara lenta. Um gesto impulsivo quando repetido em câmara lenta produz outro resultado. Lentificando-se o gestual o conteúdo do gesto torna-se explícito. É sempre bom estar atento á velocidade e ritmo com que as cenas são executadas. Uma cena pode dar a impressão de intensa pela aceleração com que é feita e ser apenas impulsiva, mas se solicito que seja repetida em outro ritmo saímos do mecânico-impulsivo para o vivenciado. Aí será uma dramatização e não mais uma encenação para constar.
domingo, 22 de janeiro de 2017
Ligar, atar
Vínculo vem de uma palavra latina vinculum que significa corrente, atadura, cadeia. Em português conserva-se esta acepção. Ligação. Unir, ligar, relacionar. Mas também, prender, acorrentar, encadear. Tudo que nos vincula a algo também acrescenta uma limitação. Pensando em termos de papéis, estes são as extremidades do vínculo ou dizendo de outra maneira, o que liga o papel ao seu complementar é o vínculo.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Espontaneidade, bebê, Moreno
“Uma
criança é inocência e esquecimento, um novo começo, um jogo, um
moto-contínuo, um primeiro movimento, um ”sim” sagrado. Para o
jogo da criação um SIM sagrado é necessário”. Nietzsche
Viver com criança de poucos meses é dar razão a Nietzsche. Dar razão a Nietzsche é pensar em Moreno. Na corrente contrária a todos que sempre disseram ser o parto uma experiencia traumática para a criança por abandonar ou ser expulsa do seu paraíso, o nosso Moreno afirmava que o parto era uma experiencia libertadora, de abertura para o mundo, de sair de algum lugar apertado, sem espaço, que deixou de ser protetor tornando-se angustiante, para todo o mundo aberto e disponível à sua frente. Olhando e vivendo com um bebê assistimos a um espetáculo de uma esponja de interesses, absorvendo tudo e qualquer coisa. O mundo é puro interesse e curiosidade e prazer. É realmente inocência e esquecimento. Um Sim sagrado. E isto para Moreno era a força vital que impulsiona o crescimento. A Espontaneidade é este sagrado Sim.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Espaço e TE
Contexto físico, espaço
destinado ao trabalho, são variáveis importantes. O espaço há que ser proporcional ao tamanho
do grupo. Grupo grande em espaço pequeno é tão problemático
quanto grupo pequeno em espaço muito grande. O primeiro é
complicado pela limitação de movimento e o segundo complica pela
sensação grupal de pequenez, como se reduzisse a importância do
grupo, acentuando seu pequeno tamanho. A compatibilização é muito
importante para o aquecimento e desdobramento do trabalho. A presença
de cadeiras fixas torna-se um empecilho considerável. Neste caso
pode-se pensar nos corredores, na parte da frente das cadeiras. Tudo
na dependência do tamanho do grupo. Em último caso, há a
possibilidade de fazer-se o aquecimento nos próprios lugares, usando
mais a palavra. Cantos, jogos verbais, desafios entre partes do
auditório podem ser usados deixando os poucos espaços livres para a
cena em si. Não nos esqueçamos nunca que a palavra também pode ser
uma forma de ação. Locais sem cadeiras, espaços abertos, podem não
ser muito bons para pessoas com limitações físicas ou com idade
avançada. Isto favoreceria a saída precoce destas pessoas, não por
desinteresse, mas por desconforto. Então, é necessário perceber os
sinais de desconforto físico, minimizá-los se possível, ou
trabalhar a saída delas de maneira que não seja desaquecimento para
o grupo e que elas, ao sair, não se sintam inteiramente frustradas
ou discriminadas.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
TE e aquecimento e ritmo
O
contexto grupal terapêutico é bastante diferente do contexto grupal
em uma atividade aberta, pública. Uma questão importante que o
Diretor/Condutor deve atentar é que no contexto terapêutico os
participantes têm um compromisso tácito de frequência e
permanência no grupo. Em uma atividade pública as pessoas entram e
saem na medida de sua conveniência ou interesse. O único empecilho
para a saída antecipada do participante seria a vergonha de
atravessar o espaço físico. Nestas atividades abertas, públicas
mais do que nunca o aquecimento é vital. Torna-se mandatório
perceber a queda de atenção do participante, estar vigilante para o
ritmo da cena, para o interesse despertado porque nada prende a
pessoa como membro do grupo, só este interesse. Daí porque quem
trabalha com TE é tão cuidadoso quanto ao ritmo da cena e é tão
cioso do aquecimento. E, por extensão, quem trabalha com TE, sabendo que uma lentificação do ritmo da cena leva necessariamente ao desaquecimento, leva às outras formas de praticar o Psicodrama o mesmo cuidado com o aquecimento grupal e ao ritmo.
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Bauman, Heraclides, Moreno...
Bauman morreu. Vida líquida, amor líquido, sociedade líquida, tempos líquidos. Nada persiste, tudo flui. Heraclides, o movimento contínuo, um ser humano não pode entrar duas vezes no mesmo rio, a impermanência. Moreno. "No começo era a ação". Psicodrama, "a busca da verdade por meio da ação". Momento e Encontro. Conceitos morenianos. Momento como o tempo vivenciado, não o tempo do relógio. Momento como o tempo que não apenas passa, mas é vivido e vivenciado. Encontro como a mágica de dois seres se vendo com o olhar do outro. Transitório, passageiro, líquido, mas intenso, profundo, compartilhado.
"Um encontro
de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando
estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar
dos meus,
E
arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus olhos;
Então te
verei com os teus olhos
E tu me
verás com os meus olhos. "
Convite ao Encontro, J.L.Moreno
domingo, 8 de janeiro de 2017
Pessoa, D. Sebastião...
Quinta/D. Sebastião, Rei de Portugal
Louco,
sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha
loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa in "Mensagem"
domingo, 1 de janeiro de 2017
Remédio, Psicodrama...
E numa entrevista inicial, numa consulta psiquiátrica habitual? Pode haver o Psicodrama? Pode haver uma visão Socionômica da relação psiquiatra - paciente? Pode o Psicodrama/Teatro Espontâneo/Socionomia estar presente numa relação médica? Sem haver dramatizações? Pode. E há. O fundamento socionômico da Socionomia (Psicodrama) é que o ser humano é um ser em relação. O fundamento do Teatro Espontâneo (Psicodrama) é que histórias compõem a vida e que construir histórias, atuá-las e reconhece-las é ação dos atores sendo a plateia grupal parte constituinte da cena. Numa consulta psiquiátrica clínica são dois (ou mais) personagens em cena. E dentro deste grupo (de dois ou mais atores, presentes ou virtuais) desenrola-se uma cena. Ao Psiquiatra cabe o papel equivalente ao de Diretor em Psicodrama ou Teatro Espontâneo. Ele tem que acolher, aquecer, ajudar a tornar relevante a trama, compor as personagens, ajudar ao protagonista (paciente) a VER sua história, sua cena. A medicação prescrita, havendo a necessidade dela, é o nosso ego-auxiliar químico. Tal como o ego-auxiliar no Psicodrama, aos atores de Teatro Espontâneo, o remédio será a ponte entre o Psiquiatra (Diretor) e o Paciente (Protagonista). A medicação prescrita poderá ajudar a tornar viável o aparecimento ou desvelamento da personagem. Tal como o ego-auxiliar sua participação necessita ser precisa, na dose/atuação suficiente para compor o personagem complementar. Necessita, tal como o ego-auxiliar, ter a potencia de ação específica (Espontaneidade) junto com clareza do seu papel. O ego-auxiliar entra em cena sempre dentro de um papel, de uma personagem. Assim o remédio. Nem o remédio nem o ego-auxiliar são os protagonistas. O Protagonista é o Paciente.
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