Pensando sobre o que Moreno escreveu. Ele retoma um conceito que sempre pertenceu ao teatro e depois à sociologia. o conceito de papéis. Em teatro, nas artes cênicas, o papel (role, em inglês), o personagem (character, em inglês) nem sempre têm definições claras. Mas, talvez forçando a barra um pouco e trazendo para a nossa realidade psicodramática, simplifique assim: Personagem é o ser encarnado pelo ator. Papel é a sua maneira de proceder, atos que ele pratica, sua função no enredo. Como tal, o mesmo personagem poderia ter alguns papéis diferentes. O personagem Fulano, com sua história pessoal, pode desempenhar papéis de pai, namorado, ciumento, patrão, empregado ou outros. Pode ser o papel de antagonista, aquele que enfrenta o protagonista, pode ser o próprio protagonista. pode ser o papel de coadjuvante. E em nosso campo, o Psicodrama/Sociodrama/Teatro Espontâneo? Para Moreno,o papel seria algo continuamente dinâmico, resultado da interação de cada pessoa com outro ser, humano ou não. O que Moreno avança e surpreende. é trazer que papel é sempre relacional. E traz em si sempre e sempre, duas dimensões. Uma convexa,voltada para fora, objetiva, social, prescrita socialmente. Outra concava, voltada para dentro, subjetiva, pertencente à nossa história pessoal. Toda a historia social está presente em cada história pessoal. Em toda relação estabelecida, ela se dá por meio de papéis. Ou seja, cada personagem da relação complementa o papel do outro personagem. Ou não complementa, personagens falando textos de peças diferentes no mesmo palco. É impossível ser professor se não há o papel de estudante o complementando. E vice-versa, um estudante , o papel de estudante se constitui existindo alguém que esteja no papel de professor. Um complementa o outro. Um constitui o outro. Um cria o outro. Mas Moreno insistia em que esse jogo de papéis (veja o item do blog em que escrevo sobre a palavra play) era dinâmico. Todo o tempo os papéis podem intercambiar entre os personagens. A todo instante estamos entrando e saindo de papéis. Quanto mais relações, vínculos, estabelecemos, mais papéis podemos desempenhar. Quanto menos vínculos, menos papéis, mais pobre é o personagem. E ele era enfático nisso. E esquecemos isso. O personagem atua em papéis, os papéis sempre são um concavo/convexo. O convexo é social. O concavo é subjetivo. Fazemos Psicodrama, quando a dimensão subjetiva do personagem é privilegiada. Fazemos Sociodrama, quando a dimensão social de cada papel é enfatizada. fazemos Teatro Espontâneo quando fazemos isso de forma ludicamente transformadora.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
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