sábado, 13 de janeiro de 2018

Moreno, modernidade, psicoterapia...

Existe na indústria de consumo algo chamado de obsolescência planejada. Esse quase palavrão quer dizer desatualização programada. Isto força, previsivelmente, busca pelo novidade, pelo novo. Isto se infiltra em toda a atividade humana. Iniciou-se pela indústria, mas vemos hoje essa busca frenética pelo novo em todos os setores de atividade humana. Até naqueles onde o peso da tradição era seu fundamento, como nas religiões. Essa planejada desatualização usa como mecanismo gerador a desqualificação da tradição, do clássico. Duas palavras hoje inimigas da modernidade suposta: tradição e clássico. O novo torna-se melhor por apenas ser novo.Trazendo para nossa área de atuação, o campo da psicoterapia, da socionomia, do psicodrama, do sociodrama, observamos a mesma desatualização planejada, a mesma desqualificação do clássico em função do apenas novo. Moreno, já há muitos anos, fazia a diferença entre novidade e criatividade. A novidade é apenas uma embalagem nova cujo conteúdo, muitas e muitas vezes, não conta. A novidade fruto dessa obsolescência planejada necessita de uma credulidade enorme, para possibilitar que a irrelevância e  falta de conteúdo não seja percebida. Moreno buscava a criatividade, a resposta nova e adequada para uma situação antiga ou uma resposta adequada para uma situação nova. Mas ele sabia que não se reinventa a roda toda as horas, todos os dias. A novidade em sua esmagadora maioria é mais do mesmo, não é uma resposta original, criativa e adequada. A novidade tende a não ser original. É uma resposta à enorme influência que a ideia de mercado tem sobre todos. 

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