quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Hamlet

Relendo Hamlet encontro novamente o monólogo do to Be or not to Be. E pensando nesse monólogo e nos monólogos teatrais pensei na Teoria dos Papéis de Moreno. Nessa teoria ele explicita que os nossos papéis são a parte tangível do nosso Eu. Ou seja, nós entramos em contato uns com os outros com relações que se estabelecem entre papéis. E os papéis são formas de ação e reação que surgem nessa relação. Portanto, todo vínculo pressupõe o papel complementar. Tudo sempre acontece entre dois papéis, todas as relações vinculares acontecem entre papéis. Assim ao ouvirmos "alguém é dominador, imediatamente vem a questão: o papel de dominador necessita do papel de dominado. Dessa forma, o Psicodrama, O Sociodrama, o Teatro Espontâneo, enfim o modelo Socionômico, coloca na relação entre papéis, no reconhecimento dos papéis exercidos, criativamente ou de forma conservada, repetitiva, o eixo do trabalho terapêutico. Saindo de um papel bastante frequente, o de queixoso. Que repete infinitamente a queixa e não exercita a mudança. E Hamlet? O que ele tem a ver com tudo nisto? Nada. É que os monólogos teatrais, ator único em cena, "monologando", são uma forma de entendermos algo da teoria de Papéis Moreniana. Os monólogos teatrais são monólogos, apenas objetivamente. porque sempre há um papel complementar oculto em cena. Ele não está visível em cena, mas está presente na relação com o protagonista. Todo o conteúdo de qualquer bom monólogo teatral pressupõe o outro. Embora ausente fisicamente, embora não estando em cena, o vínculo com o papel complementar  está totalmente explícito na fala. Também isto acontece nas relações terapêuticas. Tornar explícito o contra papel, o papel complementar que está aparentemente ausente nos monólogos queixosos: objetivo psicodramático.

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...