domingo, 7 de outubro de 2018

Radical, superficial

Sempre é bom investigar-se a etimologia das palavras. É fundamental que tornemos claro a que se refere, originalmente, aquela palavra. Ou seja, o conceito que é definido pela palavra. Radical. Radical advém do Latim Radice, raiz. Numa estrutura vegetal à raiz é reservado um papel vital. Ela fixa a planta, a segura, a mantém em seu ligar. Mas também é responsável pelo suprimento das necessidades alimentares. Para isso, as raízes estão mais ou menos profundas na terra. Ela se aprofunda pela necessidade de buscar nutrientes. Se os encontra mais perto da superfície, ótimo. Mas, em situações adversas, as raízes se aprofundam mais e mais. Em busca de água e nutrientes. Então, as raízes guardam duas propriedades: Fixam, mantém estável a planta e buscam aprofundar-se para suprir as necessidades do vegetal. Os animais, diferentemente, locomovem-se para buscarem, em outros locais, o alimento e água de que são carentes. Analogia é sempre uma faca de dois gumes e dela nos servimos com cuidado. As  plantas são fixas, suas raízes tendem a ser profundas. Os animais são móveis, sem raízes, trocam a necessidade de profundidade pela diversidade de opções. Saindo da Botânica e Zoologia, usamos a palavra radical quando nos referimos à seres humanos. E usamos essa palavra, geralmente, muito mais no sentido de fixidez, imobilidade, do que de profundidade. Em geral, colocamos radical como sinônimo de "cabeça-dura, teimoso, cego à argumentação". E vemos a diversidade de opções como sinônimo de superficialidade. Como humanos poderíamos usufruir desse dicotomia biológica. Poderíamos ter a mobilidade que traz a diversidade junto com a profundidade que traz a consistência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...