quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Paulinho da Viola, Chico.

Achei bom repetir.

Ouvindo um samba antigo de Paulinho da Viola, Dança da Solidão:

"Solidão é a lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão

Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você 
Na dança da solidão"

Muitas imagens me ocorrem. Mas há uma especial. Desilusão e solidão. Des-ilusão. O desfazimento de uma ilusão. Havia uma ilusão reconhecida, mas não assumida. O desvelar a ilusão é sentido e expresso como desilusão. E seguindo o poeta Paulinho da Viola, esse desvelar revela a solidão oculta, embora existente. A ilusão é que seria a forma de velar, esconder a solidão. Solidão, ilusão, desilusão, solidão. E a roda gira e gira, sem parar. E  solidão é diferente de estar só. O estar só é espacial. O sentir-se só, a solidão, é relacional, é a ausência ou fragilidade dos vínculos. Como diz Chico Buarque: “Os poetas, como os cegos, sabem ver na escuridão.”

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