segunda-feira, 24 de junho de 2019

Umberto Eco, again

Li há algum tempo, uma crônica de Umberto Eco em que ele fazia uma inteligente observação sobre o ato de reconhecimento. Reconhecer e ser reconhecido, dizia ele, era, até bem pouco tempo, algo referente a uma atitude, uma ação, um gesto feito por alguém que o notabilizava diante dos outros. Um descobrimento, uma invenção, uma posição política. E aí ele faz sua pequena e aguda observação. Ser reconhecido, hoje em dia, é literalmente ter seu rosto reconhecido, ter sua fisionomia reconhecida, pela recordação de alguma mídia em que haja saído sua imagem. Não mais se trata de reconhecer algum nível de grandeza humana no outro. Mas, sim, simplesmente, reconhecer um rosto já mostrado. É a própria sociedade do espetáculo em ação. Um rosto na mídia vale mais que um feito, uma realização importante. A imagem suplanta o conteúdo. 

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