terça-feira, 8 de outubro de 2019

Felicidade?

Estava lendo um livro besta, policial. Mas, neste livro, apareceu um conceito que me deixou intrigado. Lá estava numa fala de um personagem: "A felicidade é resultado de uma relação entre expectativa e realidade". Ou seja, pensando um pouco, quanto menor a expectativa e menor a realidade, menor será a felicidade? Uma pessoa dentro de seu mundo delirante, em que a realidade compartilhada pelos outros não é vivenciada por ela, sua expectativa é limitada pela sua realidade delirante, apenas. Ou uma pessoa com zero expectativa quanto a si, caso sua realidade lhe oferte cem por cento, ele será feliz? E afinal de contas o que seria felicidade? O poeta Rilke tem um verso em que diz: "todos conhecem a espera angustiosa diante de um palco vazio: ergue-se o pano sobre o cenário de um adeus". Martinho da Vila diz: "Felicidade, passei no vestibular, mas a faculdade é particular". Vinícius, o poetinha Vinícius: "A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar, gira tão leve, mas tem a vida breve, precisa que haja vento sem parar". Felicidade não é um conceito da área PSI. Felicidade é um conceito existencial. "Pursuit to happiness" . Perseguir, buscar a felicidade, ir atrás, é dar concretude a algo que é resultado de algo e  não causa de alguma coisa. Buscar felicidade é esquecer que felicidade é o resultado de uma ação. Não é a condição para a ação. Desta forma de pensar, felicidade não é objetivo para psicoterapia ou psiquiatria. Pode-se ser assintomático e infeliz. E vice-versa, sintomático,  mas feliz.

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