quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Pensar e não pensar

Tenho visto, circulando pelas redes, anúncios dirigidos à médicos e psicólogos, que contém esta, ou similar, expressão. "Nunca mais você vai precisar pensar mais no que postar todos os dias". Interessante. Nossa evolução biológica nos levou ao pensamento. Isto se transformou, até onde sabemos, no apanágio da espécie humana. Pensar, ponderar, planejar, escolher, decidir. Agora, vemos este apelo para o não precisar pensar. Apenas postar. Comprar um app e postar o que ali está. Para que pensar?  A que leva o não pensar? O que seria não pensar? As redes sociais favorecem e amplificam a impulsividade. A resposta sem pensar, movida apenas pela reação emocional. O nosso  pensamento, o refletir, o decidir, necessita de um intervalo de tempo entre o estímulo e a resposta. Nas dramatizações psicodramáticas é possível observar o que chamamos de espontaneísmo, a resposta impulsiva. Então temos o recurso de pedir ao protagonista que volte a cena, repita as mesmas ações, mas em câmara lenta. E aí podemos tornar sensível o conteúdo das ações, que estava, até ali, submerso na impulsividade. Espontaneismo é impulsividade, é ação sem conteúdo. Espontaneidade é ter a possibilidade de escolha, criatividade é fazer a melhor e adequada escolha para a cena, para a vida.

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