Assistindo ao filme clássico Fogo contra fogo, com os grandes Al Pacino e Robert De Niro, há uma fala da personagem de De Niro: "I'm alone, but I'm not a lonely man". "Sou sozinho, mas não sou um solitário". E isso me pôs a pensar. Estar só, sentir-se só. Sozinho, solitário. Estados de espírito não iguais, muito diferentes. Estar só é algo espacial, geográfico. É não ter pessoas em volta. Apenas isto. Sentir-se só é outra coisa. Nada tem a ver com quantidade de pessoas. Sentir-se só é consequência de uma pobreza relacional. Solidão é não ter vínculos com nada. Uma pessoa isolada geograficamente vive e sobrevive das certezas de seus laços afetivos, das lembranças e desejos. Sentir-se só, o estar em solidão, é reconhecer a inexistência, é sentir o peso da ausência de vínculos que o ancore com o mundo. seguindo Zeca Baleiro, o canastrão, ao contrário do ator verdadeiro, não cria vínculos entre sua personagem e a platéia. Por isso, ao cair do pano, o ator tem os aplausos e o sentimento vindo da plateia. Está só, mas não se sente só. O canastrão está sozinho. E solitário.
"Eu 'tava só, sozinho
Mais solitário que um paulistano
Que um canastrão na hora que cai o pano"
Zeca Baleiro
"É ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio,
É ter que pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte"
Fernando Pessoa
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