sexta-feira, 14 de abril de 2023

Papéis, papéis

 "Quando tomamos consciência de nosso papel, mesmo o mais obscuro, só então somos felizes. Só então podemos viver em paz e morrer em paz, pois o que dá um sentido à vida dá um sentido à morte."

Terra dos homens/Antoine de Saint-Exupéry

Penso que Exupéry falava de papel no sentido de propósito. Mas, no Psicodrama, papel tem outra conotação, próxima e distante do uso que se faz em teatro e cinema. Nestes, papel é quase equivalente a personagem. Embora possamos dizer que uma personagem pode desempenhar vários papéis na peça ou filme. Já no Psicodrama há algo disso, não sendo isso. Papel é um conceito psicodramático do somatório  de falas e comportamentos que nos surgem numa relação e em complementaridade do contra papel. Os dois papéis se complementam sendo extremidades de um mesmo vínculo. Serem complementares significa que um é criado em função do outro. Por analogia, uma tampa está para a caneta assim como o filho está para uma mãe. Um só tem funcionalidade em razão da existência do outro. Na relação real, imaginária ou psicodramática. Portanto, a essência da ideia de papel é sua diversidade e flexibilidade. Mais vínculos, mais papéis. poder transitar entre papéis tem seu oposto na cristalização dos papéis. Em que o individuo congela um ou poucos papéis, transformando seus complementares reais em complementares imaginários. Quem cristaliza, p.ex. o papel de filho transforma todas suas relações em relação parental/filho, simplificando. Flexibilidade (para transitar entre os papéis) e multiplicidade vincular (para ter um conjunto universo de papéis, maior).

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...