quarta-feira, 10 de maio de 2023

E por que não?

Em 1968 Caetano Veloso lançou Alegria, Alegria. Seus últimos versos dizem: "Por que não, por que não?". A resposta "porque sim", vem muitas e muitas vezes de quem detém alguma forma de autoridade, parental, educacional, laboral. A pergunta de Caetano é um dos núcleos da atividade psicoterápica psicodramática. O "porque sim" corresponde ao que nós chamamos de cristalizações, visões conservadas, imutáveis, congeladas, inquestionáveis, da realidade. A busca do psicodrama pela Criatividade e Espontaneidade é o contínuo exercício do "por que não?".  Por que não experimentar algo novo, uma atitude cênica que substitua a atitude existencial, já cristalizada, no palco. Experimentar sair do inquestionável e questionar. Experimentar sair do imutável e mudar, experimentar sair da conserva cultural e vitalizar a existência. O Psicodrama experimenta, questiona, in-comoda, tira do já acomodado (que nunca é cômodo), reconta histórias já tornadas históricas, experimenta o riso em lugar do choro, o choro em lugar do cínico agir. O Psicodrama não parte de ideias pré-concebidas, mas ele as questiona, ele as expõe a um outro olhar. Os problemas existenciais muitas vezes são histórias contadas e recontadas e sempre de um mesmo jeito. Se, quem conta um conto acrescenta um ponto, ao não modificarmos jamais nossa própria narrativa vital,  somos expostos e vivenciamos um looping contínuo. É o tema do filme "Feitiço do tempo". Todo e cada dia é o mesmo dia. Como dizia Mário Quintana, "Quem faz um poema salva um afogado".  Psicodrama pode fazer poesia.

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...