terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O riso e o siso

Mas o riso interminável que transcende tanto os fracassos quanto os êxitos preenche a plateia... Seria bom conhecer a origem do riso... Acho que o riso teve início quando Deus viu a sim mesmo. Foi no sétimo dia da criação que Deus, o Criador, voltou a olhar para os seus últimos seis dias de trabalho – e estourou – gargalhando de si... Esta é também a origem do teatro... sim, enquanto ele ria, rapidamente cresceu um palco sob os seus pés. Ei-lo aqui, embaixo de nós”. J. L. Moreno
Outra citação de Moreno. E ela traz a tona o riso no ambiente sério e sisudo da psicoterapia. Esse nosso ambiente, embora dito terapêutico, vê com restrições valorizar o riso e a alegria. Nossa herança cultural faz do choro o maior e quase único validador da experiência psicoterápica. O riso, o gargalhar não é confiável. O choro, sim. Não é diferente o fato das comédias, dos atores de comédia, nunca serem tão valorizados quanto os atores de dramas ou tragédias. A penitencia, a culpa, a purgação da culpa, o choro, o desespero parecem ser mais confiáveis do que uma sonora e explosiva gargalhada. E Moreno traz o riso como um elemento criador, libertador, e o coloca como estando sob nossos pés, como fundamento do fazer psicodramático. Mas o peso da tradição culposa e penitencial faz-nos pender tão somente para a dor. A alegria no Psicodrama é fundante. Não a alegria tola do riso fácil, mas a alegria de reconhecer a potencia criativa grupal. De saber que o ser humano inclui "a dor e a delícia de ser o que é".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...