Lendo um artigo de Susan Sontag. Nele há uma citação do autor teatral Eugène Ionesco: "O Teatro é um instrumento que, pela distorção da realidade, agudiza o sentido do Real". Que maravilha de sinalização para o Teatro Espontâneo! Agudizar alguma situação é levá-la ao limite, torná-la extrema. E o nosso sentido do Real anda tão amortecido, tão sem graça, tão mais do mesmo, tão anestesiado. A distorção da realidade de que fala Ionesco, essa distorção é a imaginação, a fantasia. Eis uma situação, aparentemente, paradoxal: precisamos da fantasia, da imaginação, dessa distorção da realidade, para que possamos maximizar, intensificar o nosso sentido do Real.
"Sem
a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?"
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?"
in Mensagem, Fernando Pessoa
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