sábado, 7 de abril de 2018

Clarice, Psicodrama

"A condição não é curável. Mas o medo da condição é." Uma paciente minha me disse essa frase de Clarice Lispector um dia. E ela ficou. Aliás, como as coisas de Clarice ficam! E pensei. E repensei. E veio uma reflexão sobre aceitação ativa e passiva. Reconhecer o tamanho do problema em que nos encontramos requer um desses dois tipos de atitude. Uma, a passiva, é equivalente a "que posso fazer?", "deus sabe o que faz!" , "sou assim mesmo". Aceita-se passivamente a condição dada e submete-se a ela. No falar comum "resignar-se"  é isso: Pura aceitação passiva de uma condição. Mas há uma outra possibilidade de aceitação. A aceitação ativa. Aceita-se a realidade da condição, mas abre-se a possibilidade de encontrar novas formas de lidar com essa mesma realidade. Aí usaria a mesma palavra "resignação" e lhe atribuiria um outro sentido. Re-signação. Dar um novo significado a uma mesma coisa. Não a resignação passiva e submissa. Mas a Re-signação ativa e criativa. É a isto que Moreno atribui sua famosa frase: "a verdadeira segunda vez liberta a primeira". A dramatização em palco feita pelo protagonista de uma situação cristalizada e congelada (resignada) pode ser substituída por uma nova relação estabelecida pelos processos psicodramáticos. re-significando sua relação com sua condição. Como diz Clarice.

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