Uma pessoa me citou um texto de Clarice Lispector. Não o conhecia e ela citava de memória. Fui atrás do texto original. Estava em suas correspondências. "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual defeito sustenta o edifício inteiro". Claro que é uma frase bem construída e permite, abre espaço para múltiplas reflexões. Uma delas tem a ver com o Psicodrama, com o exercício psicoterápico, com a dramatização no palco psicodramático. Considerando a analogia de Clarice, o nosso edifício pessoal, é construído ao longo do tempo. E os tijolos não são todos do mesmo tamanho nem da mesma qualidade nem do mesmo formato. Mas compõem a parede, a estrutura. Retirá-los, tão somente, levando em conta apenas que eles não seguem o padrão construtivo, pode levar à queda do muro, do edifício inteiro. Daí porque a cena psicodramática permite a vivência no palco das possibilidades aventadas. É como se desse a oportunidade, que não existe no mundo da realidade real, de no mundo da realidade poética, da realidade suplementar, experimentar-se à vera sem ser de verdade. Ou seja, podemos experimentar o mexer de vários tijolos e suas consequências, mas podendo, usando os recursos psicodramáticos, ver-se de fora, repetir, experimentar outras saídas. É verdade: a priori nunca saberemos que defeito sustenta o edifício todo
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Gosto muito desse texto, Tom. Se me permite, vou utilizá-lo em uma reunião do grupo de estudo sobre gênero e saúde mental do qual faço parte. Abraço!
ResponderExcluirGosto muito desse texto, Tom! Vou ler um trecho na reunião do meu grupo de estudos sobre saúde mental e gênero. Abraços!
ResponderExcluirMaravilha, Maayan
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