Durante uma sessão psicoterápica, ocorreu-me uma frase de efeito para o momento. "A ignorância é um estado, mas a burrice é um processo". Naquele momento, como frase de impacto, fez o efeito pretendido. Depois, refletindo sobre ela, enveredei por meus pensamentos. O que será que quis dizer com isto? Ignorância é o estado de quem ignora algo e sabe que ignora. Portanto ele reconhece a ausência daquele conhecimento, podendo ser suprido, se assim desejar. O "só sei que nada sei" de Sócrates parte deste fundamento: reconhecer a ausência do conhecimento é a atitude que pode levar ao conhecimento. E o que é a burrice? Não é a ignorância. Burrice é pensar que sabe e resistir ao conhecimento que possa esclarece-lo. Esta é a razão de Sócrates usar a Ironia como forma de levar o seu oponente ao reconhecimento de sua ignorância, sair de sua posição de saber fingido. A burrice é o pretenso saber hegemônico e cristalizado, inamovível, pétreo. E o Psicodrama com isso? A repetição da cena do protagonista com ele vendo em espelho, fora do palco, permite que ele saia daquela posição de saber inquestionável e dê-se o benefício de duvidar, reconhecer sua falta de conhecimento, abrindo-se para um novo conhecimento.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
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