Pensando aqui sobre a palavra Utopia. Neologismo criado por Thomas More. Significando U (nenhum, não existente) Topos (lugar). Seu livro fala de um país justo, igualitário, de modo racional de vida. Mas, com o tempo, o adjetivo Utópico passou a ter a conotação de ilusório, irreal, fora da realidade. Deixou de ser uma esperança para ser uma crítica pejorativa. O ideal deveria existir como fonte alimentadora de projetos e não como fonte de desânimo.
Vejam essas citações de Moreno:
"No todo, por conseguinte, o experimento sociométrico é ainda projeto do futuro."
"O experimento principal foi visualizado como projeto mundial – esquema bem próximo da utopia, em termos de conceito –, ainda que deva ser chamado à nossa atenção, repetidamente, a fim de que não seja excluído de nossa agenda de tarefas diárias, mais práticas, da sociometria."
"O experimento sociométrico acabará por tornar-se total, não apenas em expansão e extensão, mas também em intensidade, marcando, assim, o início da sociometria política."
Ele coloca, claramente, que seu projeto é utópico, mas (Importante!), ele não pode ser separado das ações cotidianas, "das tarefas diárias". Há um ditado chinês que diz: "Antes de salvar o mundo dê três voltas dentro de casa". Essas são as nossas primeiras tarefas diárias: Nossas relações. A Utopia Moreniana se realiza na construção de relações interpessoais télicas. Do Interpessoal para o Grupal e daí para o Social. Pois, "Que adianta se ganhar o Mundo e perder a alma?". (Marcos,8:36). A alma Moreniana é relacional. Eu sou com Você. Ubuntu. Nós nos construímos e nos constituímos. A Utopia Moreniana, talvez ao contrário da Utopia de More (lugar que não existe num tempo ignorado), seguindo os passos Psicodramáticos, ela se realiza nas "tarefas diárias, práticas", no Aqui e Agora.
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