quarta-feira, 3 de julho de 2024

Uau!

 Hoje, 3 de Julho, é data de nascimento de Franz Kafka, Em 1883. Lendo um de seus Aforismos, há este: "Há dois pecados humanos capitais, dos quais se derivam todos os outros: impaciência e indolência. Por impaciência foram os humanos expulsos do Paraíso; por indolência não regressaram. Entretanto talvez haja somente um pecado capital: a impaciência. Por impaciência foram expulsos, por impaciência não regressaram." Claro que essa é a história do ser humano. mas, acho que podemos, à luz de Kafka, olhar as ações de direção do Diretor/Condutor psicodramático. Impaciência e indolência. E, novamente, impaciência. Vamos iniciar pela indolência ou preguiça ou acomodamento. Isso nos conduz, ao dirigir, a estabelecer planos rígidos, pré-determinados, que nos desobrigariam (que ilusão!) da faina de encontramo-nos com o imprevisto, de lidar o aqui e agora. E a impaciência? Impor o tempo do Condutor ao grupo é impaciência. Urgir pela dramatização, é impaciência. Forçar um protagonista, é impaciência. Atropelar o aquecimento, é impaciência. E essa última observação kafkiana, de que a impaciência sozinha é responsável por todos os outros pecados? Trazendo a nosso mundo psicodramático, diria, de maneira escatológica,, que "toda merda PODE se tornar adubo". Essa é a maneira que expresso em grupos de psicodrama publico ou teatro espontâneo, a minha visão de que não há erros irreversíveis numa direção psicodramática, não há pecados de direção, desde que possamos nos abrir a que todo acontecimento pode ser a próxima cena em status nascendi, pode ser o germe da próxima dramatização. Só se tornará uma "merda" se nos ativermos à aparência, à frustração, à impotência. Dando-se uma funcionalidade de aquecimento, de experimentação, de possibilidade de um novo rumo, de se escutar o que o grupo deseja, a alquimia escatológica, merda em adubo, se fará.

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