Lendo alguns escritos e em algumas direções, percebi uma certa confusão, importante confusão, entre a técnica fundamental do duplo e a tomada de papel. Vamos ao começo. O Duplo ou dublagem (em inglês, double).remete ao primeiro Universo, à fase de total indiferenciação entre a criança e o outro. Nessa fase, o caos primitivo, há uma completa mescla entra a criança e o papel parental. Portanto, a criança e a mãe, p.ex., são fundidos pela indiferenciação. Dessa forma, a mãe pode sentir o que a criança sente, porém ela PODE expressar verbalmente. Uma experiência cotidiana nos papéis parentais. O Duplo remete a essa fase. Então, não é um pensamento, uma interpretação racional, não é uma sugestão, um ensinamento, que o diretor/terapeuta ou o ego auxiliar pensa que é o melhor para o protagonista da cena. Mas, assumindo sua postura, abrindo-se à espontaneidade do momento, deixar vir a si o que o protagonista PODE estar sentindo e não expressa. É a isso que Moysés Aguiar chamava de dublagem. Tal como em um filme, o texto é a fala do ator dita em uma língua que não entendemos, apenas o diretor ou ego auxiliar o dubla para a linguagem verbal. Não é uma interpretação ou racionalização do protagonista, mas verdadeiramente uma dublagem em outra língua. Mas, como os italianos diriam traduttori, traditori - tradutor, traidor. Após a dublagem/duplo é necessário, imprescindível, perceber a validação ou não validação pelo protagonista. Por um gesto de concordância ou negação, por uma verbalização confirmatória ou não. O Duplo/Dublagem não se valida por si, pela "sapiência" do diretor/terapeuta. É como um tradutor de um texto ter que perguntar ao autor do texto se apreendeu o sentido real do que escreveu. É um caminho proposto pelo diretor/terapeuta, trilhado pelo protagonista.
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