segunda-feira, 19 de agosto de 2024

"Capricho"

 Há expressões de minha infância: "Ser caprichoso", fazer as coisas "No capricho". Significava ser cuidadoso no que fazia, fazer o melhor possível, não ser desleixado, alinhavando as coisas. E há o perfeccionismo. "Não consigo nem pensar em errar!", frase de uma paciente O temor de cometer um erro torna-se tão grande que o perfeccionista torna-se lento, fazendo e refazendo, tornando-se, na prática, improdutivo ou pouco produtivo. E isso é o oposto de ser "caprichoso", "cuidadoso". A rigidez e imobilidade são sempre, em a natureza, sinônimos ou indicadores de não vida. A Vida é mudança, flexibilidade. O "caprichoso" sente o prazer do fim de sua obra, goza de sua ação. E as pessoas presas do medo do erro, perfeccionistas, são  ou tornam suas vidas rígidas, imóveis, desnaturadas. E com isso não usufruem do prazer do ato bem feito, do ato realizado. Estão sempre esperando algo melhor do que conseguiram, estão sempre deixando de se gratificar, vivendo num contínuo do "podia ser melhor". E, se me perguntarem em que o Psicodrama (ou qualquer outra forma psicoterápica) poderia ser útil? Permitir que aquela pessoa perceba ou descubra seu temor de errar, sua necessidade de se proteger da crítica antecipada, sua permanente necessidade de controlar o futuro. Tarefa que, por ser impossível, torna o perfeccionista um candidato à experiência de sentir-se derrotado, ao longo de sua vida. 

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