quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Palco

 "Minha alma cheira a talco, como um bumbum de bebê". Ao falarmos a palavra palco essa musica de Gil vem à cabeça. O palco no psicodrama é um dos instrumentos fundamentais para seu exercício pleno. Pode ser um palco como de Moreno em Beacon, pode se ser um praticável, um espaço delimitado fisicamente ou consensualmente. Mas um palco. Existe uma intencionalidade no uso do palco, similar ao Teatro: O palco amplifica a cena, torna-a o centro das atenções, dá relevo, profundidade ao desenrolar cênico. porém, além disso, há um plus fundamentado na teoria socionômica moreniana. No palco prevalece a verdade dramática, a verdade poética, a fantasia, a realidade suplementar. Na plateia prevalece a realidade objetiva, a consensual do grupo, a "real". Assim, entrar e sair do palco numa atividade Socionomica tem um significado muitíssimo mais profundo. É entrar e sair da Realidade Suplementar, é atravessar a fenda, a separação entre realidade "real" e realidade dramática. É poder, como adultos, voltar a transitar entre esses dois mundos. A nossa pretensa maturidade, mais que uma fissura, cria um verdadeiro abismo intransponível entre o mundo que vivemos e o mundo fantástico, suplementar. Só tendo um palco e conhecendo seu poder instrumental poderemos usar adequadamente o recurso do Espelho. Ao sairmos do palco e vermos a nossa cena reencenada, a vemos da plateia, a vemos do mundo "real", a vemos como um outro qualquer a veria. Ou seja Nos vemos em ação. Cheira a talco, cheira a bebê, nos remete à infância, à origem de tudo, ao status nascendi de nossas cenas. Palco.

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