quinta-feira, 29 de junho de 2017

A armadura e o canastrão

O muro nos protege e nos limita. Armaduras medievais: tornaram-se cada vez mais pesadas e rígidas. Aumentaram a proteção e criaram um problema. Ao cair do cavalo  o cavaleiro tornava-se indefeso, qual uma tartaruga virada de costas. Sua incapacidade de se mexer o tornava presa fácil para o inimigo matá-lo a punhal. Entre o capacete e a armadura a garganta ficava exposta. Um muro protege para o inimigo ão entrar. Uma vez dentro o muro impede o auxilio e a fuga. Tal qual os papéis cristalizados. São úteis para a sobrevivência, porém imobilizam e dificultam o crescimento. Os canastrões de TV, Teatro ou cinema são exemplos de papéis cristalizados. Os atores canastrões são sempre os mesmos em qualquer personagem. São facilmente reconhecidos como sempre fazendo seu próprio  papel. Os vínculos medeiam as relações entre papéis. O desempenho cristalizado de um papel é como o de um ator canastrão: é sempre o mesmo. Não se adéqua à cena. Não deixa de ser mais fácil assumir a cristalização por não exigir o contínuo realinhamento em relação ao seu papel complementar. Mas, como canastrão, não transmite veracidade, não estabelece uma relação verdadeira. Protege, pode ser mais fácil, mas limita, apequena, reduz, impede o desenvolvimento do potencial das relações humanas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

E assim é.

Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...