domingo, 29 de julho de 2018

Necessidade

Há dois dias uma irmã passou pela transição, faleceu. Vê-la ir-se apagando lentamente, estar ao seu lado até o fim foi doloroso. Mas, há coisas a serem feitas, há providências a tomar. Mas há também pessoas a cuidar, pessoas que precisam de suporte nessa hora tão sofrida. E é nessa hora, percebendo a dor que estou sentindo por uma perda e, ao mesmo tempo, percebendo que há outras pessoas em volta que precisam ser ajudadas; perceber que eu preciso de ajuda e perceber que há algo que precisa ser feito. Eu preciso de ajuda, mas ao lado de minha dor consigo distinguir os caminhos que preciso percorrer em relação a outros. Escrever sobre minha experiência me ajuda a localizá-la e a lidar com ela. Isso que experienciei em carne viva, é o que em Psicodrama, Socionomia, Teatro Espontâneo, se chama de diferenciação no papel. Estar diferenciado no papel de Diretor/Condutor das formas socionomicas de atuação é, sem deixar de sentir o que possa sentir, manter a atenção no grupo. É perceber quando suas ações estão sendo motivadas pela necessidade cênica, do palco psicodramático, da cena psicodramática ou estão sendo motivadas exclusivamente pelos quadros afetivos, cognitivos pessoais, em prejuízo da cena, do grupo, do protagonista. Então, a pergunta sempre que deve ser feita pelo Diretor/Condutor é: "O que está me motivando a fazer essa escolha?". Estar aquecido no papel de Diretor exige essa pergunta sempre, a todo e qualquer momento, o Condutor/Diretor pode se indiferenciar e sair, desaquecer-se de seu papel. Posso sentir tudo, mas de tudo o que sinto e percebo o que será e é útil para o protagonista, para o grupo?

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