sexta-feira, 3 de abril de 2020

Einstein, baiano, Moreno

Estamos vivendo a segunda semana de isolamento. Ainda não tem tem 14 dias. Mas, para cada um e para todos, já parece anos. E parece não ter fim. Não sei se já tiveram essa experiência. Ir-se de carro a uma cidade pela primeira vez. a ida parece que nunca chegará, demora demais! Mas, quando regressamos, por reconhecer pontos de referencia no caminho, vistos na ida, a volta parece muito mais curta. O fato de irmos ao desconhecido aumenta a vivencia do tempo decorrido. Regressar por um caminho já conhecido torna a vivencia do tempo decorrido mais rápida. Quando lhe pediram para explicar brevemente a Relatividade, Einstein disse: "caso você esteja sentado ao lado de uma pessoa agradável, uma hora parecerá um minuto. Se você estiver ao lado de uma pessoa chata, um minuto parecerá uma hora". Tá, e daí? Há um conceito Moreniano (Socionômico, Psicodramático) chamado de Momento. Ele denota o tempo vivenciado. algo como Kairós dos Gregos, como a "durée" do filósofo Bergson. Não o tempo Chronus, não tempo decorrido, não o tempo cronológico. Sou baiano. E nós aqui temos uma expressão, geralmente sacaneada pelos não-baianos: "Esperei uma hora de relógio!". Para nós significa que não é só a vivencia da espera, mas a pessoa, realmente, demorou uma hora cronologicamente. Não foi apenas porque eu estaria expectante que pareceu uma hora. Foi uma hora. Mas, voltando aos trilhos. Momento, para Moreno, é o tempo vivenciado com intensidade. E essa intensidade lhe dá a importância. Tanto para a memória quanto para o significado.

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...