domingo, 8 de dezembro de 2019

Simpson

Uma das figuras mais interessantes do mundo Pop ocidental é Homer Simpson. Ele é, explicitamente e sem culpa, a caricatura perfeita do senso comum. Mas, ou por causa disso, ele tem ou lhe são atribuidas, frases reveladoras. "A pressuposição é a mãe de todas as merdas". Esta frase realiza, de forma minimalista, a essência da direção psicodramática. Pressupor ao dirigir uma cena psicodramática é interferir, de forma autoral, na narrativa do protagonista. A merda, no caso, é o desaquecimento da cena ou sua inexpressividade cênica. O Diretor, seguindo a Homer Simpson, necessita seguir a cena e o protagonista. Sua função é facilitar, promover os meios para que melhor se desenrole a cena. O que temos, a todo custo, de evitar é promover a cena que, como diretor, queremos ver ou temos curiosidade para testar nossa hipótese. Nossa pressuposição, portanto. Meu mestre em Psicodrama, Paulo Amado, me dizia: "O Diretor é cego, deve se deixar guiar pelo protagonista". O guiar, nesse sentido, é permitir todos os desdobramentos possíveis da cena trazida pelo protagonista, é usar todos os recursos que o Psicodrama/TE trazem em benefício cênico. A nossa interferência reside em limpar a cena, fazer recortes da cena, iluminar a cena, seguir os caminhos sugeridos. Mas, o guia, o norte, será sempre o protagonista. Jamais deverá ser nossa curiosidade, nossas hipóteses, nossos pré-conceitos. É, nesse sentido, que o Psicodrama é fenomenólogico.

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Experimentar e refletir.  Este blog é um espaço para mostrar ideias sobre o psicodrama, sobre o teatro espontâneo.  Há mais de trinta anos...